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2011 REVISTA ORGULHO - Orgulho
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Selinhos e beijos longos
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Crônica da editora da revista Orgulho sobre o homossexualismo na TV |
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Por Bruna Corralo |
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Já é normal ligar a TV e encontrar casais homossexuais nas novelas. Desde a década de 1980, o homossexualismo vem ganhando destaque na mídia. Porém, este ano o SBT quebrou um tabu: exibiu um beijo gay! A cena, protagonizada pelas atrizes Luciana Vendramini e Gisele Tigre, foi ao ar no último bloco do capítulo exibido em 12 de maio, na novela “Amor & Revolução”, que se passa na ditadura militar.
Não foi um selinho, foi um beijo longo, com direito a trilha sonora e tudo mais. Muitos consideraram este o primeiro beijo gay da TV brasileira, mas o que poucos sabem é que em 1963 as atrizes Geórgia Gomide e Vida Alves — a mesma que deu o primeiro beijo da TV — protagonizaram uma cena semelhante. Isso foi na extinta TV Tupi em uma cena do teleteatro “Calúnia”. Mas não há registros da cena.
Na novela “América”, a censura ao beijo gay no último capítulo foi criticado e provocou revolta. A verdade é que com essa exibição mais um tabu foi quebrado, mas ainda é cedo para esperar que todas as novelas passem a exibir beijos homossexuais como exibem os heterossexuais. Esse não é o único tabu a ser superado.
Analisando a forma como os gays são representados nas novelas temos personagens caricatos, que geralmente pendem para o lado do humor, e assim conquistam a simpatia do público. Mas, quando o assunto é tratado de uma forma mais séria, falando de casamento e amor entre pessoas do mesmo sexo, as coisas mudam. São poucos os casais que têm aceitação total do público e muitos os vetados.
Um exemplo disso foi a morte das personagens Leila e Rafaela, vividas por Christiane Torloni e Silvia Pfeiff, da novela “Torrer de Babel”, exibida em 1998. O casal morreu na explosão de um shopping. O motivo da eliminação das personagens lésbicas foi a rejeição do público ao tema, abordado em horário nobre pela primeira vez.
Cinco anos depois, outro casal lésbico voltou a ocupar espaço no horário nobre. O casal de estudantes Clara e Rafaela, vivido por Aline Morais e Paula Picarelli, na novela “Mulheres Apaixonadas”. Ao contrário do que ocorreu em “Torre de Babel”, o casal foi aceito pelo público e teve um final feliz. A aceitação aconteceu porque o casal, que era um dos mais apaixonados da novela, foi se descobrindo aos poucos. O autor conquistou a simpatia do publico tratando o assunto com normalidade e delicadeza.
A verdade é que ainda hoje o homossexual é, na maioria das vezes, retratado com o estereótipo fácil, previsível, figura de um afeminado cômico e alienado da realidade masculina. Porém cada vez mais vemos que personagens bem- sucedidos, de bem com a vida e bem resolvidos com sua opção sexual.
Geralmente nas novelas das 19 horas encontra-se o maior número de personagens humorísticos, talvez pelo gênero das novelas exibidas no horário. Contrariando isso, ano passado, a autora Maria Adelaide Amaral inovou no remake da novela “Tititi”, ela ousou na demonstração de afeto e de troca de carinho. Mas o casal Osmar e Julinho durou apenas três capítulos. Até então, os casais gays das novelas eram descobertos aos poucos, como forma de preparar o público. A escritora construiu uma nova maneira de retratar um casal homossexual, o que foi um avanço.
Outra inovação aconteceu na novela “Insensato Coração”, que apresentava um núcleo gay. A novela foi a recordista em personagens homossexuais — com seis personagens ao todo — e contou até com um "point" gay. Era o quiosque de Sueli Louise Cardoso, na Praia de Copacabana.
Em contraponto ao time colorido, os autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares também trataram da homofobia, com cenas fortes de espancamento e até morte. Mas como em toda novela o final foi feliz. O badboy homofóbico Vinicius Amaral Thiago Martins acabou atrás das grades e os personagens Eduardo Rodrigo Andrade e Hugo Marcos Damigo casaram.
A cerimônia foi exibida no último capitulo da novela. A cena é inspirada na aprovação do Supremo Tribunal Federal que, no dia 5 de maio deste ano, reconheceu a união estável entre homossexuais.
A homofobia também já foi tema da novela teen “Malhação”. No seriado houve cinco casos de homossexualidade, todos tratados com propriedade. Alguns focavam a homofobia como na temporada exibida no ano 2000, na qual o personagem Sócrates Erik Marmo passou pela trama em 15 capítulos, e chamou grande atenção do público. Outros falaram da descoberta e da auto-aceitação, como aconteceu em 2010 com o personagem Alê William Barbier, que demonstrou a dúvida sobre sua sexualidade, manifestou que estava gostando de um colega da escola e ainda conheceu outro gay recém chegado no colégio.
Nesse caminho do descobrimento, a novela “Fina Estampa”, de Aguinaldo Silva, promete causar polêmica. Especula-se que a personagem Esther Julia Lemmertz, após entrar em crise no seu casamento, até então bem-sucedido com Paulo, se envolverá com a médica Danielle Fraser Renata Sorrah. Não para por ai, a polêmica será maior porque enquanto Danielle luta pela guarda do sobrinho órfão, Esther ficará grávida.
O que nos resta é esperar para ver como o autor vai levar esta história e se o público irá aceitá-la. Quem sabe desta vez temos um casal homossexual feminino emplacando em uma novela, com direito a adoção, um dos assuntos mais comentados do momento.
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