|
Home
Sobre
Equipe
Email
Edições
|
|
2011 REVISTA VENTURA - Ventura
|
Um dia de homem aranha: O chamado do rapel
|
 |
Realizada no Guarujá, a atividade é opção para quem deseja fugir da rotineira visita às praias |
 |
Por Vagner de Lima |
|
 |
Saí de casa às dez da manhã de um sábado de maio para fazer rapel no Centro de Estudos do Meio Ambiente, mantido pelo Instituto Litoral Verde. São 45 hectares de Reserva Particular do Patrimônio Natural. No local, vivem 20 famílias que já estavam instaladas ali antes de virar reserva. Agora, as invasões estão proibidas.
Foi só passar pelo portal no começo da estrada que identifica o início do Parque Serra do Guararu e o calor que eu estava sentindo transformou-se em uma sensação de leveza. Sentir o ar puro entrando faz quase seus pulmões sorrirem.
Menos de dez minutos de estrada e uma tímida placa identifica a entrada do Cema. Para quem passa apressado de carro deve ser difícil mesmo reparar que ali há a possibilidade de se praticar o rapel. O local é pouco visitado. A Prefeitura do Guarujá se preocupa mais em divulgar as praias e o instituto acaba fazendo parcerias com agências de turismo para atrair mais visitantes.
Durante a semana é preciso agendar a visita. Mesmo aos fins de semana, é comum não aparecer ninguém por lá. O público em geral são escoteiros, escolas ou gente que tem paixão pela natureza. Biólogos interessados em fotografar aves e turistas de outros países visitam o local. Moradores do Guarujá ou de outras cidades da Baixada Santista é muito rara. De qualquer modo, aos desatentos que não costumam reparar à sua volta, esqueçam um pouco as praias do Guarujá e se arrisquem a fazer um programa diferente.
A rampa até chegar onde fica a área onde se pratica o rapel é íngreme. Para os sedentários, pode tirar o fôlego. Já imaginei que teria de escalar um paredão enorme. Mas pelo contrário, o lugar é super acessível. Crianças, jovens, adultos, qualquer um pode fazer o rapel, como me contou o instrutor, Eduardo Macena, que foi extremamente atencioso e prestativo.
A área onde está instalado o instituto é enorme, e abrange desde a estrada Guarujá-Bertioga até a praia do outro lado do morro. Uma trilha que ainda espera regulamentação para começar a funcionar levará o visitante até o alto do morro onde se pode avistar todo o canal de Bertioga. Certamente, por ali, há séculos, os nativos podiam avistar a chegada de inimigos. Se ali passaram índios, portugueses ou corsários não se sabe. Essa certeza só virá quando forem concluídos os estudos da Universidade de São Paulo sobre um sítio arqueológico perto da trilha. É comum os monitores encontrarem pedaços de utensílios domésticos antigos espalhados pela área. Eles são todos guardados e se evita chegar perto do local. Mas o estudo ainda está em fase inicial por falta de investimento.
Talvez esses habitantes tenham praticado rapel sem saber. Sei lá, fugindo de algum inimigo. Tinha chegado a hora de eu experimentar a sensação. O rapel foi criado em 1879 na França por Jean Charlet-Stranton, que se baseou na técnica do alpinismo. Rapel, em francês, é algo como “chamar”. É como se você fosse desafiado a fazer o rapel.
A atividade, que custa R10,00, tem que ser feita com segurança. Capacete e o equipamento de proteção são fundamentais. Depois de equipado, é só segurar na corda com uma luva para não machucar a mão, controlar o atrito entre a corda e uma peça de aço que parece um oito, e ir descendo. Nem precisa de muito esforço. Você deve tomar cuidado só com o limo das pedras para não escorregar, como aconteceu comigo uma vez durante a atividade. O tempo depende de você. Acredito que tenha descido em dez minutos. Entre as pedras corre água que vem da nascente e desce até o canal de Bertioga que margeia a estrada lá embaixo.
A sensação é ótima, o contato com a natureza te deixa leve. Passou tão rápido que eu até esqueci dos pernilongos que me incomodavam, rondando minha cabeça enquanto conversava com o monitor. Para quem tem medo de altura, não se preocupe. A pedra onde é feito o rapel nem é tão alta, de lá de cima até a pequena piscina natural que se forma embaixo quando você desce, o trajeto deve medir no máximo dez metros. Super recomendado, para qualquer idade, desde que a pessoa se sinta segura.
|
|
|
|
|
|