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  2011 REVISTA VENTURA  -  Ventura

 
Um pouco ave, um pouco Tarzan. Sensações da tirolesa
O Instituto Litoral Verde promove atividades que pretendem nos aproximar da natureza. Nossa reportagem foi até lá, viveu a aventura e conta como foi
Por Joanna Flora
“Voar não é o que você pensa na cabeça, mas sim o que sente no coração”. Com essa frase, no filme Rio, o tucano Rafael tentou explicar à arara Blu como é voar. Posso dizer que foi essa a sensação que tive ao fazer tirolesa. É claro que para quem pular de asa-delta ou parapente, esse tipo de sensação faz bem mais sentido. Mas vou chegar nesse ponto.


Morro de medo de altura, seja de um primeiro andar ou de estar dentro de um avião. Assim, qualquer atividade que envolva estar mais de um pé acima do chão já me arrepia a espinha. Porém, existem momentos em que precisamos aceitar e enfrentar desafios. Considero essa reportagem um deles.


Não sabia o que me esperava, mas ainda não estava com medo. O Instituto Litoral Verde é uma ONG que tem como objetivo aproximar as pessoas da natureza e da conscientização de preservação ambiental. Uma das atividades que a entidade promove é a tirolesa, na qual um cabo aéreo posicionado em dois pontos fará com que o praticante deslize por meio de roldanas presas a um cinto.


A aventura não é feita sem a presença de um monitor, que será o responsável por frear o praticante quando ele chegar perto do ponto final. Para aguardar a chegada dele fui fazer uma das ramificações da Trilha do Conde. O topo, de onde quem se aventura a praticar a tirolesa deslizará, está localizado em uma das partes da trilha. Aproveitei para dar mais uma olhada na altura e por onde eu iria passar, isso para ir me acostumando.


— Tem um galho na direção da corda — comentei com um dos funcionários do Instituto que fez a trilha conosco.


— Relaxa. Quando você for saltar, o cabo cede e aquele galho vai passar bem longe.


Essa foi a resposta que obtive. Lá se foi uma desculpa que eu tinha para adiar o medo. Quando terminamos a trilha, o monitor não só já tinha chego como já estava com todos os equipamentos de segurança e necessários para a atividade, separados. Não dava mais para fugir. Era a hora de colocar o cinto, capacete e saltar. O cinto é ajustado no corpo e preso a uma fita que será encaixada no na roldana que fica no fio da tirolesa.


Próximo passo — capacete, que também recebe os devidos ajustes para quem for utilizá-lo.


Estava na hora de subir até o ponto do salto. Junto com quem for fazer a tirolesa, vai um responsável que prenderá a fita no cordão de aço que vai até o ponto final. Enquanto isso, o monitor fica perto do fim do passeio para arrumar aquela corda, citada anteriormente, que servirá de freio. Eu já estava pronta para salvar, bastava um “ok” do monitor e a aventura começaria.


Em meio a brincadeiras de que já encontraram uma onça na região por onde a tirolesa passa e que eu deveria abrir os braços para dar mais emoção, o salto foi autorizado. Não é necessário um empurrãozinho ou qualquer ajuda desse tipo. A partir do momento em que você vai para a ponta da pedra e “senta”, a pressão do peso abaixa a corda e a pessoa começa a “voar”. Não consegui abrir os braços como me foi sugerido, mas isso não interferiu em nada na minha emoção.


Você passa por dentro de um túnel de árvores e plantas que te dão uma sensação que jamais se tem na cidade. Tudo o que eu já tinha visto de flora pela trilha, pareceu nada perto do sentimento de passar no meio das misturas de árvores. A corda acabou virando e eu não desci de frente. E sim, acabei indo a maior parte do tempo de costas para o ponto final. Ou seja, pude olhar com mais atenção todas aquelas folhas, galhos e à minha volta, que aos poucos iam se tornando mais distantes.


“Aos poucos” é forma de dizer, já que tudo ocorre muito rápido, mas dura o tempo suficiente para sentir uma liberdade digna de Tarzan, só que com roupa. Lembrei também de Ed Mota: “Dois mundos distintos são. Deixa o seu destino agir, guiar seu coração por sobre as árvores viver”.


Definitivamente é tipo de sensação que você só vai sentir nessa atividade e nesse lugar. A apenas um pouco mais de uma hora da cidade de Santos, o Instituto Litoral Verde tem em volta a Mata Atlântica. Um local totalmente diferente do que nós, seres urbanos, estamos acostumados. Não é apenas quando se chega ao instituto que se percebe as paisagens. Por todo o caminho da estrada já é possível se maravilhar com a natureza.


Ter a oportunidade de conhecer essa região e ainda realizar essa atividade é o tipo de aventura que todas as pessoas deveriam fazer pelo menos uma vez na vida. Afinal, não é em qualquer lugar que você pode se sentir um pouco ave ou um pouco Tarzan. Além das árvores e sons de pássaros que são possíveis de perceber no caminho até o ponto final da tirolesa, ainda corre água que vem da piscina natural e se transforma em uma pequena cachoeira. A vida é muito mais do que carros, prédios e poluição. Que existem outras formas de viver totalmente desconhecidas, mas que valem muito a pena o nosso tempo para desvendá-las. A tirolesa dura um pouco mais que 15 segundos, mas proporciona uma sensação tão renovadora. Quando acaba, você quer saltar mais e mais



Áreas históricas dos séculos 15 e 16



O Instituto Litoral Verde zela pela preservação da Reserva Particular de Patrimônio Natural Tijucopava, onde ele está instalado. O Centro de Estudos do Meio Ambiente, que também fica dentro da reserva, disponibiliza alguns de seus espaços para outras atividades. Como por exemplo, a sala de artesanato. Lá, artesãos da região podem expor e vender produtos. É preciso passar por esse recinto para chegar à sala de palestras. Qualquer entidade pode ministrar esse tipo de evento ou treinamentos voltados para o meio ambiente ou preservação ambiental. Alunos que tenham interesse em fazer estudo de campo também podem utilizá-la mediante agendamento com antecedência e pagamento de taxas de manutenção.


Existe também uma área de treinamento em manutenção de trilhas, ecoturismo e prática de esportes de aventuras. As trilhas são interpretativas e passam pelo Manancial Bariguy com pequenas quedas d’água e piscinas naturais e áreas históricas dos séculos 15 e 16. Bem como restos de uma construção de uma usina geradora de energia particular.


Para praticar qualquer atividade no Instituto Litoral Verde é preciso ligar antes. Assim, poderá marcar o passeio em um dia que algum monitor esteja disponível. Os telefones são 13 3305-1512 ou 3305-1752. O Instituto Litoral Verde está localizado no Km 14,5 da Estrada Guarujá-Bertioga.