|
Home
Sobre
Equipe
Email
Edições
|
|
2010 2011 GEOGRAFIAS
|
Uma nova Atlântida?
|
 |
Para os especialistas, mesmo que o aumento do nível do mar não seja imediato, há o risco de desaparecimento de trechos das cidades litorâneas a longo prazo, por causa deste avanço. Modificações na orla provocadas pelo homem afetam o ecossistema da Baixada Santista |
 |
Por Lucas Moura |
|
 |
A maior parte dos pesquisadores entende que o aumento do nível dos mares, provocado pelo derretimento das calotas polares, só será sentido pelas populações costeiras daqui 10 anos. Até onde a ação do homem pode influenciar nisso? “Aqui em Santos, as construções costeiras e o aprofundamento do canal de dragagem, contribuem bastante para essas alterações”, afirma o oceanógrafo Paulo Garreta, da Sinergética Estudos e Projetos.
Alterações climáticas não são um assunto novo, mas recorrente. Ao considerar o clima na Terra, há que se pesquisar eventos ocorridos no passado para entender o presente, e avaliar e enfrentar possíveis alterações na natureza. “As mudanças climáticas ainda são um tema bastante controverso dentro da comunidade científica”, diz Garreta.
Neste ano, as recentes ressacas na costa brasileira deixaram mais em evidência esse assunto, sobre as quais há muitas divergências entre a comunidade científica.
Não existe só uma causa responsável específica pela variação da temperatura na atmosfera da Terra e, consequentemente, a ocorrência de períodos glaciais ou inter-glaciais. O que ocorre, isto sim, “são eventos em que a co-atuação das causas se soma e amplifica suas consequências, em diferentes escalas temporais e espaciais.
“Quando você faz um buraco na areia e a água vem com areia, o buraco fica menor. Cerca de três horas depois o buraco não existe mais, está liso. Isso é o que deveria acontecer na região, mas como não há mais lugar para o mar deixar a areia que ele traz, acabam acontecendo os fenômenos que vimos este ano”, afirma Garreta.
Segundo ele, o maior problema das cidades da Baixada é a falta de espaço para que a água do mar dissipe energia, o que acaba causando as ressacas muito fortes e o acúmulo de areia nos canais, como foi visto em abril deste ano.
Outro problema que ele detecta nas praias é a mudança das características naturais causadas pelo homem, com reflexos mais nocivos que o aumento no nível do mar. “As constantes modificações na orla da praia afetam muito mais no ecossistema da região do que o derretimento das calotas polares”.
Para Garreta, é preciso maior atenção das autoridades políticas, não só quanto à questão do nível do mar que vem aumentando, mas também quanto a investimentos em ações para antecipar esses fenômenos naturais. Na visão dele, uma das soluções seria a mitigação, ou seja, a diminuição das ações que causam impacto na Terra. O consumo de energias não-renováveis e a proibição da queima das florestas seriam algumas das ações que ajudariam a diminuir um pouco essas alterações.
Divergências sobre elevação dos mares, provocada pelo efeito estufa
A sociedade precisa planejar agora obras de contenção para conviver com o possível aumento do nível do mar nas próximas décadas, aconselham os especialistas. Segundo entrevista do professor da USP, Afrânio Mesquita publicada pelo jornal Correio Braziliense, a medição do nível do mar feita por ele em Cananéia e Ubatuba mostra que o nível vem subindo 4 mm a cada ano. Na concepção dele, a variação detectada é simplesmente absurda e muito preocupante. Ainda de acordo com a matéria, a Marinha do Brasil diz que a elevação do nível do mar já afeta, direta ou indiretamente, as atividades costeiras.
Estudo publicado no site da Unisanta, feito em computador pelo engenheiro e professor Gilberto Berzin, da Universidade Santa Cecília com o biólogo Renan Braga Ribeiro, mostra três cenários da possível invasão do mar na orla e ruas de Santos: de 0,5 1,0 e 1.50 metros, em relação ao nível máximo atual, até o fim do século. A pesquisa permite observar com detalhes o alagamento de bairros e ruas santistas.
O estudo – informa o site – baseou-se em dados do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas NPH da Unisanta, onde Berzin é um dos coordenadores. Levou em conta ainda as conclusões e softwares avançados da pesquisa internacional EcoManage- Sistema Integrado de Gerenciamento Ecológico de Zonas Costeiras, e os números e previsões de oceanógrafos e climatologistas conceituados. No pior cenário, em que o mar subiria 1,50 metros, a Ponta da Praia, o Canal 3 e o Porto seriam os locais mais afetados, se não houver obras de contenção.
Áreas alagáveis
Os cenários antecipam possíveis efeitos provocados pela elevação do nível do mar em 0,5 1,0 e 1,5 metros, sempre com referência ao nível máximo atual nas marés de sizígia, ou seja, em relação às áreas alagáveis quando de marés altas.
Com a finalidade de mostrar o potencial dos resultados obtidos, foi preparado também um zoom detalhado da área de Santos denominada Ponta da Praia, no Cenário 4.
Cenário 1 - Só com um aumento de 0,50 m, pode-se verificar que nas marés mais altas a faixa da praia ficaria encoberta pela água, e algumas pequenas áreas da Ponta da Praia seriam alagadas. As zonas Noroeste e Alemoa seriam também alagadas. O Porto de Santos, por ter sua estrutura mais alta, ficaria nesta fase livre de inundações.
Cenários 2 e 4 zoom – Com mais 1,0 m , constata-se que toda a faixa da areia da praia e grande partes dos jardins seriam alagados a cada maré mais alta. Diversas pequenas áreas junto à praia, muito bem conhecidas dos santistas, seriam alagadas no bairro do Gonzaga, nas primeiras quadras junto ao Canal-3 e entre os Canais 4 a 6. Boa parte da Ponta da Praia seria atingida nas marés mais altas, assim como a área portuária das proximidades. A Zona Noroeste seria totalmente alagada.
Cenário 3 – Com 1,50 m, será o caos total na urbanização da Cidade. Grandes áreas de bairros seriam inundadas na altas marés. O Porto seria duramente prejudicado. A vista geral do Cenário 3 é o suficiente para se concluir sobre os efeitos do aquecimento global na cidade.
|
|
|
|
|
|