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  2011 REVISTA MUNDO ECOLÓGICO  -  Mundo Ecológico

 
Auxílio Aluguel e Carta de Crédito para os moradores que serão retirados dos bairros Cota
Graus de risco estudados pelos técnicos determinaram o programa de remoção. O último deslizamento na Serra do Mar ocorreu em 1988, com dez mortes
Por Jessika Nobre
O governo está oferecendo um auxílio de R 400,00 para os moradores de áreas de risco em Cubatão, já cadastrados e que estiverem aguardando a aquisição da nova casa. Assim poderão alugar uma moradia na cidade até a entrega dos apartamentos pela CDHU. Após o assentamento, as famílias deixam de receber o auxílio. O vereador Francisco Leite da Silva explica que, com a mudança para a nova residência, as famílias só pagam o seu apartamento. Este por sua vez, chega a custar de R 250,00 até R 300,00 por mês, já com condomínio, água e luz incluso. Mas algumas pessoas já estão arrependidas de sair dos barracos onde viviam, pois muitas estão desempregadas ou ganham apenas R 600,00 reais por mês para sustentar a família.

A CDHU está oferecendo habitação para moradores de áreas de riscos conforme a finalização de cada obra. As unidades habitacionais estão situadas em Cubatão, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e São Paulo. Segundo Walkyria, as moradias são construídas com dois a três dormitórios e recebem adaptações para portadores de necessidades especiais. As residências podem ser apartamentos, sobrados ou casas mistas casa+comércio/serviço, ou ainda a família pode receber uma Carta de Crédito no valor de R 70 a R 100 mil reais de acordo com a renda familiar, para adquirir moradia regularizada em qualquer lugar do estado.

E para quem já teve atendimento habitacional anterior e possui cadastro no Cadmut Cadastro Nacional de Mutuários, em qualquer lugar do Brasil, não poderá adquirir a sua unidade habitacional do CDHU. Para estas famílias existe a opção das trocas de residências. Ela ocorre da seguinte forma: quem necessita sair do bairro, pois está residindo em local perigoso, poderá trocar de casa com a família que não precisa sair do local. Já foram realizadas mais de 150 trocas e a grande maioria delas ocorridas entre os que preferem ficar nas Cotas.



Defesa Civil

O Coordenador da Defesa Civil de Cubatão, José Antonio dos Santos, explica que para controlar os desabamentos provocados pelas chuvas, eles utilizam estações telemétricas formadas por plataformas de coleta de dados que, através de satélites, fornecem informações sobre a intensidade das chuvas para a defesa civil. As informações são enviadas para a central de monitoramento 24h. Este acompanhamento pluviométrico permite que Santos e sua equipe possam tomar atitudes consistentes no local, para que não ocorram deslizamentos. Se a cidade de Cubatão receber 84h de chuva, ou seja, acima de 100 milímetros de água, a defesa civil já entra em alerta, pois de acordo com pesquisas elaboradas pelo IPT Institutos de Pesquisas Tecnológicas, a partir de 100 milímetros acumulados de chuva os desabamentos podem ocorrer.

O último deslizamento com mortes ocorreu em 1988. Foram 10 óbitos no bairro Cota 95. “Foi terrível, eu estava de plantão naquele momento e fiquei três dias sem ir para a casa”, completou Santos. Logo após este grave episódio, para que não surgissem novas mortes, a prefeitura implantou o PPDC Plano Preventivo de Defesa Civil. Na época o sistema não era computadorizado, portanto todos os laudos dessa história foram datilografados. Hoje muitos dados foram perdidos, como por exemplo, a quantidade de casas que desabaram.

A retirada da população das encostas está classificada por grau de riscos. O risco um é baixo, o dois é médio, o risco três é alto e o quatro é muito alto. Para que uma família saia das Cotas para um apartamento da CDHU, esse padrão é analisado. Porém a prioridade será para quem mora em lugares de riscos três e quatro. Santos ressalta que nos bairros Cota algumas pessoas vivem com dificuldades pela falta de estudo, mas por outro lado muitas famílias têm carros como Audi e Blazer. “Você encontra sobrados que em áreas urbanas valeriam R 200 mil reais”, contou Santos. Ele afirma que o consumo de água da cachoeira e a elaboração de rabichos identificados como “gatos” fazem com que muitas pessoas não paguem pelas contas que deveriam. “Há famílias que possuem quatro aparelhos de ar-condicionado em suas residências”, finalizou o coordenador. Possuindo excelentes condições de vida a baixo custo, algumas pessoas preferem viver nas Cotas.

O ambientalista Nelson Rodrigues acredita que para resolver o problema de novas invasões dentro do Parque Estadual da Serra do Mar a Prefeitura e o Governo do Estado de SP deveriam construir um projeto de eco-turismo para favorecer o lazer e turismo na Baixada. Assim estariam facilitando a entrada de verbas para a cidade de Cubatão, e os turistas conheceriam “a inigualável fauna que existe na Serra do Mar”.