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2011 REVISTA MUNDO ECOLÓGICO - Mundo Ecológico
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Frituras? Agende o gari do óleo
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Descartar óleo usado na pia pode entupir as redes coletoras de esgoto |
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Por Thaís Moraes |
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Depois de realizar uma fritura, tem-se o hábito de despejar na pia o óleo usado. Mas isso pode trazer consequências graves. Além de poder contaminar 25 mil litros diretamente e até 1 milhão de litros de água indiretamente, o resíduo oleoso gruda nas paredes da tubulação e posteriormente entope as redes coletoras de esgoto, podendo causar ou agravar enchentes, já que a água não tem para onde escorrer.
Esses dados são do Instituto BioSanto, criado em 2008, para fazer a coleta em domicílio de óleo usado. Roberto Coutinho, presidente do instituto, explica como surgiu a ideia: “Um grupo de 22 pessoas, todas envolvidas pelo menos com alguma ação ambiental, detectou que existiam várias campanhas para levar o óleo usado em algum ponto de coleta, mas as pessoas acabavam não levando a esses lugares”.
Foi então que o Instituto BioSantos decidiu fazer a coleta de óleo diretamente com o consumidor final, colocando em prática a logística reversa. Essa logística consiste em o fabricante colocar o produto no mercado e ser o responsável pela destinação dele quando este quebra ou não serve mais para uso. Por exemplo: quando você compra um celular e a bateria não funciona mais, é dever do fabricante recolhê-la e dar um fim adequado para que não contamine o meio ambiente.
No início, o óleo era coletado apenas em condomínios. Eram fornecidos galões de 50 litros, informativos nos elevadores e cartilhas para os moradores. Uma vez por mês, esse galão era retirado e outro era posto no lugar. Entretanto, em alguns prédios que não possuíam zeladoria, esses galões foram usados para outros fins e foram descredenciados do projeto.
Devido a isso, o BioSantos recebia pedidos para que a coleta fosse feita em domicílio. Resolveu-se então criar o Gari do Óleo, um projeto socioambiental em que pessoas de baixa renda, contatadas por meio da Secretaria de Assistência Social Seas, vão de porta em porta para realizar a coleta de óleo nas residências de Santos. O óleo é colocado em carrinhos de ferro, carregados manualmente. No total, 80 garis passaram pelo projeto em seis meses.
Hoje o esquema é outro: são 11 garis que em determinados dias do mês visitam um bairro por vez e fazem toda a coleta. Mas ainda assim, existe a coleta feita por um caminhão que vai até os condomínios.
Depois de coletado, o óleo é vendido para uma recicladora localizada em Mauá, onde é feita sua purificação. Após o processo, o óleo é vendido para ser transformado em biodiesel. No Instituto BioSantos, a venda do óleo serve para pagar os funcionários, auxiliar na manutenção dos caminhões e ajudar nas despesas.
Assim como o mercado dos resíduos sólidos, o de óleo também é sazonal. “O preço depende da demanda. Quando tem muito óleo para ser vendido, o valor dele cai. Mas compensa porque a iniciativa não visa lucro.”
Da panela veio e para a panela voltará
Alvelina Maria de Souza é uma daquelas senhoras que não aparentam a idade que têm. Aos 72 anos ainda trabalha. Dona Alvelina, moradora da Vila Margarida, em São Vicente, também fabrica sabão há dois anos. Mas esse é um produto diferente. O principal ingrediente é o óleo de cozinha. “Aprendi a fazer sabão em um jornal.”
Segundo Dona Alvelina, a primeira tentativa não deu muito certo, mas foi fazendo até acertar. A receita dada no jornal é simples: óleo, soda cáustica e sabão neutro líquido. “Coloquei mais uma coisa que deixou a louça muito mais brilhante, mas isso não conto para ninguém, é segredo”, brinca.
O sabão fica branquinho e nem parece que foi feito com óleo, porque não tem cheiro algum. Alvelina também dá exemplo de consciência: “É um meio de aproveitar as coisas, em vez de jogar fora”.
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