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2011 REVISTA BIKE - Bike
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Quanto mais velho melhor
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Conheça Marco Antonio Pinheiro Cyrino, que descobriu no triathlon uma nova paixão, há 15 anos. |
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Por Vanessa Teixeira |
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É com um sorriso, uma bermuda de pano leve e uma regata branca que Cyrino chega à academia onde treina natação e musculação. “Boa-noite, pessoal”. Simpático e bem disposto ele cumprimenta os que estão em volta. Vai para o vestiário e em oito minutos está de volta, com uma sunga preta e, no ombro, uma toalha branca. Agora, está quieto, sério e concentrado. Por uns minutos se isola e se aproxima da piscina,se agacha, molha a mão e a leva à nuca. Prepara-se para entrar na água e, em seguida, lá está ele atravessando a piscina de 25 metros.
Marco Antonio Pinheiro Cyrino tem 53 anos. Sempre foi apaixonado por esportes, principalmente por futebol e surfe. Atualmente, o triathlon é o que tem feito movimentar-se e liberar a energia, que parece escapar pelos brilhos dos olhos quando comenta sobre sua atividade. Com tanta disposição é difícil acreditar que Cyrino tem outras profissões. É formado em Administração e Comércio Exterior, que é sua ocupação durante cinco dias úteis da semana como despachante aduaneiro. A terceira graduação é hoje a sua maior alegria, a Educação Física, curso que escolheu por causa da paixão pelo esporte, claro.
O triathlon surgiu em sua vida há aproximadamente 15 anos, incentivo dos amigos que já o praticavam. A dificuldade é comum em qualquer escolha. Ao ingressar no esporte não foi diferente. Em uma prateleira no canto da sala, chamam atenção as fotos com sua mulher e amigos, em reuniões, jantares e festas. Uma das dificuldades é exatamente ter que abrir mão de alguns momentos de lazer. É com um pouco de frustração que diz isso.
É com vigor que enfrenta a longa e cansativa rotina diária. Acorda todos os dias às sete da manhã para ir ao escritório onde trabalha como despachante aduaneiro. Por volta das seis da tarde volta para casa e com muito pique para mais uma noite de treino. De segunda a quinta-feira, duas modalidades são treinadas por dia, com duração de aproximadamente duas horas e meia. Podem ser natação/corrida, natação/ciclismo e também musculação combinada com ciclismo ou natação, ufa!
O triatleta também precisa de uma noite com menos esforço físico, e reserva as noites de sexta-feira para o descanso. Engana-se, porém, quem pensa que Cyrino aproveita para dormir mais tarde sem ter hora para acordar no outro dia. Aos sábados, ele está de pé logo cedo para treinar, cedo mesmo, às 5h30. É o dia reservado para o treinamento de ciclismo na estrada, o treino longo dessa modalidade. Enfim, o domingo. O dia de recarregar as baterias, sem treinos, sem trabalhos, o dia de curtir a família, os amigos e a mulher Neusa Luciene, com quem tem uma relação estável há mais de dez anos.
Bate uma fome só de imaginar essa rotina de muito esforço físico, não é? E um belo e colorido prato de arroz, feijão, saladas diversas e carnes é o que mantém Cyrino firme e forte. Mas não é apenas disso que ele vive. A princípio, come de tudo sem exageros, com exceção dos carboidratos que não podem faltar na alimentação diária e principalmente durante os treinos. Prato colorido é sinal de boa alimentação e ele leva isso a sério: alface, tomate, rabanete, cenoura são alguns dos alimentos que compõem as refeições quase que diariamente. Peixes e carne branca ou vermelha são complementos do prato.
Com tanto esforço não poderia faltar o reconhecimento. “Dá trabalho, limpar um por um. Enche de poeira e eu não deixo mais do que três dias, sem ao menos passar um paninho”, diz sorridente e orgulhosa a mulher Neuza Luciene, ao falar dos 20 troféus que ficam expostos em uma estante no canto da sala de estar do apartamento. “As medalhas eu coloco no guarda-roupa, deixo apenas algumas de 1° lugar. São mais de cem não tem como limpar quase todos os dias”, brinca.
Competidor da categoria amador 50/54 anos, já foi duas vezes a Florianópolis para competir o Ironman Brasil: “E em maio estarei lá novamente”, Cyrino complementa animado. “Meu principal título foi a primeira colocação no Troféu Brasil de Triathlon — 1ª Etapa de 2007 quando estreei na categoria Elite 50/54 anos”.
Cyrino é observador e relativamente calmo, o que não significa que seja despreocupado e descomprometido. Só não deixa transparecer sua ansiedade quando alguma grande competição se aproxima: “É possível que em outubro, faça alguma prova no exterior, provavelmente em Miami nos Estados Unidos”. São planos para o futuro presente. Um futuro para o qual ele se prepara com garra.
“Às vezes, me sinto sozinha, ele está sempre muito ocupado. É determinado, até demais. Digo que ele tem que se desligar um pouco, mas não adianta. Não reclamo, sei que ele ama o que faz e é feliz assim. E eu sou feliz em saber que ele também é”, diz Neuza.
Com certeza, o traço mais marcante do triatleta Marco Antonio Cyrino é a disposição e determinação. “É invejável, eu com 38 anos não tenho a disposição que ele tem”, comenta José Henrique Santos, o porteiro noturno de prédio onde mora. E de fato, não é para qualquer um uma rotina pesada como essa. Mas como ele mesmo diz, “o que me faz feliz, só me faz bem”. A frase traduz sua história e a forma como encara o dia a dia. Uma frase que poderia se tornar o título do livro de sua vida.
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