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  Crônica  -  Suor

 
Prazer, sou atleta
Uniformes usados, surrados, bolas doadas...não importa, o sonho é o mesmo
Por Gabriela Soldano
Fotos: Ilustração Gabriela Soldano
Não há salário ou patrocínio. Sem prêmios ou troféus. Sem reconhecimento e sem dinheiro. Muitas ambições e muita dedicação ao esporte.

Uma luta constante para continuar jogando, pois sem infra-estrutura, os jogadores têm de se adaptar com uniformes usados, surrados, confeccionados por eles mesmos, com bolas e redes obtidas através de doações.



Há quem pense que isso pode fazer com que desistam. Pelo contrário, a falta de incentivo faz com que brilhem ainda mais. Exemplos de determinação, os esportistas amadores suam a camisa apenas para mostrar sua dedicação ao esporte.

Mas, afinal, o que é o esporte? Quando se procura no dicionário, a primeira resposta que aparece é: passatempo, divertimento. Porém, muitos já se esqueceram deste significado.



Muitas vezes, estes que se utilizam do esporte como único meio de sustento, se esquecem de suas raízes: a pelada na rua, o futebol na quadra do bairro com os amigos, o vôlei na praia, a natação na piscina da casa do amigo, o basquete na quadra improvisada. Estes se esquecem que já começaram do zero, que foram esportistas amadores.



Esportista é aquela pessoa que se dedica ao esporte. Amador é aquele que se dedica a uma arte por mero prazer. Então, amador é aquele que se dedica ao esporte por mero prazer?

Não. É aquele que se dedica por amor ao esporte. Treina todos os dias, todos os momentos que tem um espacinho na agenda diária, procura informações, encontra soluções, apenas porque ama aquilo que faz. É um sentimento de dedicação absoluta a uma arte, sem receber qualquer investimento ou reconhecimento em troca.



Exatamente por isso são fundamentais. O reconhecimento das pessoas, que nada podem oferecer para melhorar as condições do treinamento, faz com que não desistam. Dão esperanças para seguir em frente e continuar treinando.

São fundamentais, ainda, para incentivar a economia local, a cultura e o lazer de suas cidades. São eles que fomentam a iniciativa em outras pessoas para a prática de um determinado esporte.



Treinam esperando, um dia, serem reconhecidos pelas prefeituras, secretarias ou outros órgãos públicos para se tornarem profissionais.

Mas, o quem é o esportista profissional? Profissional é aquele que realiza por dinheiro, visando o lucro, uma ocupação comumente exercida como passatempo. Mas, espera um pouco, esporte não é um passatempo?

Exatamente. Profissional é aquele que realiza uma arte que é comumente feita por amadores, ou seja, que tem como meio de vida um ofício fundamentalmente amador.



Dessa forma, só resta uma conclusão: o esporte é único. Em sua raiz, não há qualquer diferença entre amador e profissional. Independentemente de quem o pratica, as regras são as mesmas, o esporte é o mesmo.

A única diferença é o recebimento de um salário ou não, uma vez que o adjetivo "profissional" acompanha um extrato bancário maior.



Os adjetivos "profissional" ou "amador" que acompanham o esporte apenas definem a forma de participação do atleta. O primeiro pratica mediante remuneração e contrato formal, já o segundo não tem nenhuma das duas prerrogativas.



Porém, conforme a legislação de nosso País artigo 26, da Lei 9.615/98, é a situação do atleta que define se é profissional ou amador. O esporte será sempre único para todos eles, seja quem for o praticante.



Por esta razão, todos são iguais. É isso que atleta deve manter em mente: nunca se esquecer de onde veio. Nem do esportista amador que luta todos os dias para seguir o exemplo daquele que já venceu, que segue os passos daquele que um dia jogava futebol descalço na rua sonhando em ser descoberto por um time internacional.