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Como Santos Dumont, um sonho possível.
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Aviões seguem a mesma simplicidade do 14 Bis, mas são mais seguros e modernos |
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Por Jeifferson Moraes |
Fotos: Jeifferson Moraes
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Em Paris, no campo de Bagatelle, milhares de pessoas estavam ansiosas. Um homem franzino, de chapéu Panamá – branco com abas amassadas – elegantemente trajado, dividia a atenção do público com uma curiosa máquina. Caminhando, atravessou um amplo gramado em direção à sua criação. Tratava-se de uma aeronave moderna. Tinha enormes asas, que lembravam vários caixotes unidos, e na popa – traseira – uma hélice de pá dupla que parecia um ventilador gigante. O
O barulho da ignição e o ruído do motor Levavasseur, de 24 HP, abafou o murmúrio da platéia que, logo depois, explodiu de entusiasmo ao ver a máquina voar a uma altitude de 3 metros e percorrer aproximadamente 60 metros.
Você leu acima o que provavelmente aconteceu em 23 de outubro de 1906, quando o brasileiro Alberto Santos Dumont fez, pela primeira vez em público, um vôo solo que mudou para sempre a história da aviação mundial.
102 anos depois, pilotos amadores perpetuam, em diversos aeroclubes do Brasil, o sonho de Santos Dumont. Voam por esporte e lazer, em aviões que seguem a mesma simplicidade e princípio do 14 Bis, porém são mais modernos, seguros e seguem às rígidas normas e leis da Aviação Civil no País, chamados de ultraleves.
Para explicar um pouco sobre essa modalidade, a Revista Suor fez uma entrevista com o instrutor de vôo, comandante e piloto de helicópteros, Paulo Ortega, responsável pelo único aeroclube de ultraleves do litoral paulista, localizado em Peruíbe. Ortega já formou mais de 60 pilotos amadores. A construção do aeroclube se iniciou em 1992 e os primeiros vôos ocorreram dois anos depois.
Suor — Existe algum tipo de habilitação para as pessoas que pilotam ultraleves?
Paulo Ortega — Sim. É através do Certificado de Piloto Desportivo CPD, emitido pelo Departamento de Aviação Civil DAC, que se tem permissão para pilotar ultraleves experimentais com até duas pessoas.
S. — Como se consegue um CPD?
P.O. — Igual aos automóveis, que seguem normas do Ministério dos Transportes, o piloto de ultraleve deve estar devidamente habilitado pelo Comando da Aeronáutica. O interessado deve realizar um curso e se associar a um aeroclube que seja devidamente credenciado como escola de vôo e, também, seguir alguns requisitos, como ter no mínimo 18 anos e passar nos exames médicos exigidos.
S. — Quais são os custos do curso de vôo?
P.O. — No Ilha Clube Aerodesportivo ICA a matrícula, que incluiu algumas taxas, o material didático e a primeira anuidade de sócio do aeroclube, sai tudo por R 350. Após ser aprovado nas provas teóricas o aluno terá que cumprir uma média de 25 horas de aula em vôo com um instrutor. O custo da hora de vôo na instrução básica é R 240 e na avançada R 290.
S. — Qual é a diferença do Piloto Desportivo para o Piloto Privado?
P.O. — O Piloto Desportivo tem algumas limitações, como o tipo de aeronave que poderá pilotar, no caso o ultraleve, o CPD só é válido no Brasil, não pode ser remunerado para realizar vôos e não pode entrar em espaço aéreo controlado, que para isso terá que ter o CPR, que é o Certificado de Piloto de Recreio. O CPR é uma instrução que o Piloto Desportivo tem para poder ser habilitado à comunicação com as torres e entender os procedimentos de vôo nesse tipo de espaço aéreo. Já o Piloto Privado possui tudo isso no seu curso e ainda pode pilotar aeronaves homologadas.
S. — O que é um ultraleve?
P.O. — É uma aeronave muito leve, experimental e tripulada, utilizada exclusivamente em operações privadas, principalmente desportivo e de recreio, durante o dia, em condições visuais, para até dois ocupantes e com peso máximo de 750 kg.
S.— Os ultraleves são seguros?
P.O. — Sim, muito seguros. Como toda aeronave, o ultraleve deve obedecer às rigorosas manutenções. Hoje, existem ultraleves que são mais modernos que boa parte dos aviões convencionais em operação no Brasil. Existem modelos que se assemelham a aviões convencionais de cabines fechadas, asas baixas ou altas, e na construção utilizam alumínio aeronáutico e fibra de carbono. São equipados com modernos instrumentos de navegação, rádio e GPS.
S.— Quais modelos de ultraleves são utilizados no ICA?
P.O. — Utilizamos para instruções básicas o Flyer GT com propulsor traseiro e asas revestidas de tela e cabine aberta. Para as aulas avançadas utilizamos o modelo Rans Coiote, que se assemelha a um avião comum, de cabine fechada, com motopropulsor trator motor e hélice localizado na frente, feito de alumínio, asas altas e motor com duas ignições.
S. — Quanto custa esses aviões e a manutenção?
P.O. — O Flyer GT custa em média R 25 mil e o Rans Coiote R 90 mil. Mas no ICA temos aeronaves de clientes que são a coqueluche do momento, no caso do RV-9A que chega a atingir quase 300 km/h e custa aproximadamente R 220 mil. A manutenção é outra vantagem, em comparação a maioria dos aviões, o proprietário de um desses modelos não gasta mais que R 500 ao mês.
S. Qual é o tipo de público que procura o aeroclube para se tornar um Piloto Desportivo?
P.O. — São na maioria empresários que procuram uma forma de lazer diferente realizando o sonho de voar. Os mais experientes viajam o Brasil, alguns vão almoçar em Florianópolis, que fica a duas horas de vôo daqui.
Serviço - O ICA está localizado em Peruíbe SP, no final da Av. Luciano de Bona. Para visitar o local é necessário agendar pelo telefone 13 3455.3919. Na internet, peruibeultraleve.com.br, e-mail, portega@uol.com.br, o local funciona todos os dias das 9h até o pôr do Sol, possui restaurante, posto de abastecimento de aeronaves e hangar.
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