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Café e corrida: uma dupla que dá certo
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A bebida funciona como uma injeção de energia para esportistas |
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Por Rogério Amador |
Fotos: Viktor Pravdica /Tomasz Trojanowski / Dreamstime
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Apesar de estar, aos poucos, perdendo a sua má fama, a cafeína já foi, um dia, considerada droga. Em 1962, o Comitê Olímpico Internacional COI restringiu o uso dessa substância nos atletas, a uma quantidade de 15 miligramas/litro de urina – aproximadamente 5 a 8 xícaras de café de 50 ml consumidas num período de 30 minutos.
Com o passar dos anos, os estudos comprovaram que a ingestão de quantidades muito pequenas de café beneficiava positivamente o desempenho nos exercícios, fazendo com que, em 2004, a Agência Mundial Antidoping WADA retirasse a cafeína da lista de substâncias proibidas pelo COI. A partir de então, os atletas podem consumir o cafezinho, os chás, as bebidas energéticas e o chocolate com maior tranqüilidade.
Para o nutrólogo Ricardo Seixas, da Corpos Clínica, em Santos, o café é a bebida natural mais saudável para os atletas, pois além de estimular a prática de exercícios por mais tempo, também promove uma maior perda de gordura, auxiliando na prevenção da fadiga provocada pelo treino. "A sensação de estar desperto após tomar um café acontece devido aos efeitos estimulantes da cafeína, que provocam o aumento da atividade dos neurônios, estimulando uma maior secreção de adrenalina. O resultado é uma injeção de energia", disse o médico, que já trabalhou com vários atletas da região, como as judocas Cátia Maia e Daniele Zangrando e o ciclista Robson Paterlini.
Elias de Oliveira, da equipe Carbocloro de atletismo, começou a consumir a bebida por indicação de amigos. "No início, quando competia provas mais longas de 10,20 e 42 km eu me sentia muito cansado e extenuado no final. Agora, depois que eu comecei a consumir o café antes e após as corridas me sinto bem melhor."
Para Edvaldo Mota Carneiro, da mesma equipe, o hábito de tomar café só trouxe benefícios. "Como não temos mais problemas com doping nas competições, o uso do estimulante ajudou muito nas provas de alto rendimento", emendou o maratonista, que confessa, consumir café todos os dias como auxilio ao esporte que pratica, apesar de não gostar da bebida.
Além do café, atualmente várias equipes esportivas de diversas modalidades fazem uso das cápsulas de cafeína encontradas em farmácias, e que normalmente são acompanhadas por outros componentes energéticos como o guaraná, o ginseng, a catuaba e outras substâncias que muitas vezes podem ter conteúdos proibidos para exames de controle antidopagem.
Foi o que aconteceu com o atacante Dodô, centroavante do Fluminense, que no ano passado, quando jogava pelo Botafogo do Rio, foi pego pelo exame antidoping realizado após a partida contra o Vasco da Gama pelo Campeonato Brasileiro. O exame comprovou o uso de femproporex, uma substância ilícita, que estava contida na cafeína que o jogador ingeria antes das partidas e que era administrado pelo próprio médico do clube.
O Julgamento - 14 de junho de 2007. Essa é a data da partida em que o Botafogo goleou o Vasco por 4 a 0. Mas infelizmente os comentários do jogo não foram sobre o placar elástico... Dodô, atacante do Botafogo e autor de dois gols no clássico, foi pego no exame antidoping realizado após a partida. O exame comprovou o uso de femproporex, uma substância ilícita, que estava misturada na cafeína que o jogador ingeria antes das partidas. Comprovada a utilização da substância na contra-prova do exame, Dodô foi suspenso preventivamente por 30 dias enquanto esperava por julgamento.
A partir de então, o clube, jogador e advogados procuraram encontrar as respostas para a situação. Afinal de contas, o jogador deixou claro que não tinha ingerido intencionalmente o femproporex. E, ele estava certo. O Botafogo de Futebol e Regatas possuía um vínculo profissional com a Fharmacy, farmácia de manipulação no Rio de Janeiro, que fornecia medicamentos ao clube. O fato é que um dos lotes de cafeína lícita fornecidos pela farmácia continha o femproporex, considerada doping e, portanto, proibida.
Na terça-feira, 24 de julho, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva STJD julgou o "caso Dodô". Por unanimidade, os relatores condenaram o atacante há ficar 120 dias fora dos gramados. Na sessão, os advogados de defesa do jogador alegaram que ele não tinha consciência que estava ingerindo a substância ilegal. Argumentaram sobre a boa conduta do atacante durante toda a sua carreira e alegaram que o Dodô havia sido envenenado.
Nada adiantou. A votação aconteceu e Dodô tomou uma suspensão de 120 dias, além dos 30 preventivos já cumpridos. O clube recorreu da decisão, até que no dia 02 de agosto, o mesmo STJD, presidido por Rubens Aprobato Machado, resolveu acatar e apoiar o recurso impetrado pela defesa de Dodô e revogar a decisão da Segunda Comissão Disciplinar, após mais de quatro horas de discussão. O atacante foi absolvido, mas a lição ficou: é preciso cuidado ao manipular componentes energéticos para os atletas.
Beber ou não beber: Eis a questão! - O pedido é simples e universal. Pode ser servido numa refinada cafeteria ou em um balcão de bar na sua forma mais pura, como um café curto, longo ou carioca, misturado ao leite, ao chocolate ou mesmo a algumas especiarias que dão um toque especial de requinte a bebida. É uma boa pedida para os que trocam o dia pela noite, para os vestibulandos ou porteiros, assim como pode ser o melhor companheiro para aquele pão quentinho do café da manhã. Embora seja reconhecido pelo seu odor característico e por todos esses pontos positivos, para muitos, o café é considerado vilão. Fala-se muito sobre os males da cafeína para quem a consome diariamente no entanto, atualmente há fortes campanhas para que o cafezinho volte à mesa, sem culpa.
Depois de anos de discussão e pesquisa, surgem com bastante freqüência pesquisas com resultados que favorecem o consumo da bebida. O grão verde do café além da cafeína, possui potássio, ferro, zinco, magnésio e outros minerais, em pequenas quantidades. Também possui aminoácidos, proteínas, lipídeos, além de açucares e polissacarídeos. E, em maior quantidade a bebida possui os polifenóis antioxidantes, chamados ácidos clorogênicos. Durante a torra, esses ácidos formam novos compostos bioativos, chamados de quinídeos.
É nessa etapa que as proteínas, aminoácidos, lipídeos e açucares formam os quase mil compostos voláteis responsáveis pelo aroma característico do café. Para se ter uma idéia, a substância possui mais voláteis que as flores, os perfumes e o vinho, um aroma forte e agradável que reconhecemos de longe.
Para a nutricionista Simone Vasconcelos apesar de todas as qualidades e benefícios da bebida, ainda é preciso ter cautela com o consumo. "O exagero pode levar á sérias conseqüências como agitação, ansiedade, irritabilidade, tremor das mãos, insônia, dor de cabeça, irritação gástrica, aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial", declarou Simone, que sugere como consumo médio e aceito até cinco xícaras de café 50 ml por dia.
É importante lembrar que existem outros alimentos que também fornecem compostos encontrados no café, como o chocolate e os chás. No entanto, o café é o único que sofre torrefação, a qual favorece o desenvolvimento de inúmeras substâncias antioxidantes.
O despertar do café - Sabemos apenas que a história popular aponta para meados do século III, tendo Kaldi, um pastor de cabras na região da atual Etiópia como personagem de um feliz acaso. Conta-se que ele ficou intrigado com a vitalidade das cabras que comiam folhas e frutos de um arbusto comum nas montanhas abissínias, onde após a degustação, elas ficavam saltitantes e conseguiam percorrer longas distâncias sem demonstrar sinais de cansaço ou qualquer outra reação.
Para observar melhor, Kaldi passou a alimentar o rebanho com os frutos vermelhos e, ao final de alguns dias, também quis experimentar. Como você deve imaginar, o pastor gostou do efeito estimulante que os frutos proporcionaram. Sentiu-se alegre, bem disposto, e passou a mascar café todos os dias, principalmente para resistir ao sono nas noites de oração. Ele contou sua descoberta para um dos monges das proximidades e a notícia não demorou a romper fronteiras.
A palavra café deriva do vocábulo árabe "qahwa", que significa vinho. Os árabes foram os primeiros a cultivar cafezais e pioneiros no hábito de beber café. Daí o nome científico de uma das espécies mais importantes, a Coffea arabica, e a razão por que o café foi chamado de "vinho da Arábia" pelos europeus.
Registros históricos datam os primeiros cultivos em 575 d.C. no Iêmen, mas a bebida que conhecemos hoje surgiu no século XVI, quando os persas começaram torrar grãos. Quando as primeiras sacas de café chegaram ao Ocidente em 1615, já havia colônias européias tentando introduzir plantios à revelia do mundo árabe, que mantinha o segredo do cultivo trancado a sete chaves. Foram os holandeses que conseguiram as primeiras mudas cultivadas na Europa, que cresceram em estufas do jardim botânico de Amsterdã.
O café foi trazido ao Brasil pelo oficial luso-brasileiro Francisco de Mello Palheta, que em 1727 recebeu a incumbência de ir à Guiana Francesa para tratar de questões fronteiriças como pretexto para trazer sementes de café. Naquela época, assim como sucedeu com os árabes, a produção cafeeira só era permitida em colônias européias, com um alto faturamento comercial. Palheta ficou íntimo da esposa do governador de Caiena e voltou ao Brasil com sementes de café arábica clandestinamente escondidas no vaso de planta presenteado por Madame D’Orvilliers. Hoje, o Brasil é o maior produtor do planeta e estima-se que mais de 20 milhões de pessoas trabalhem na indústria cafeeira ou em seus negócios correlatos mundo afora.
Quantidade de cafeína em algumas bebidas –
Café xícara de 150 ml:
De máquina 110 - 150 mg
De coador 64 - 124 mg
Instantâneo 40 - 108 mg
Descafeinado Inst. 2 - 5 mg
Descafeinado - 2 mg
Produtos com chá xícara de 150 ml:
Chá instantâneo 12 – 28 mg
xícara de 350 ml:
Chá gelado 22 - 36 mg
Chá Granel ou Saquinhos xícaras de 150 ml:
Infusão 1 min 9 – 33 mg
Infusão 2 min 20 – 46 mg
Infusão min 20 – 50 mg
Chocolate Feito a partir de mistura 6 mg:
Chocolate ao leite 28 g - 6 mg
Chocolate de conf. 28g - 35 mg
Refrigerantes mg/ 350 ml:
Coca-Cola - 46 mg
Diet Coke - 46 mg
Pepsi Cola - 38,4 mg
Diet Pepsi - 36 mg
Pepsi Light - 36 mg
Melo Yello - 36 mg
Energéticos mg/ 250 ml:
Flash Power - 80 mg
Flying Horse - 80 mg
Dynamite - 80 mg
Red Bull - 80 mg
On line - 80 mg
Blue Energy Xtreme - 80 mg.
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