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Roupas mágicas
Novas tecnologias auxiliam na confecção de vestuários que produzem aromas e hidratantes, e ajudam na prevenção do câncer
Por Gabriela Soldano
Fotos: Gudron/ Dreamstime
Um atleta necessita de treinamento, alimentação balanceada, exercícios físicos regulares, boas horas de sono, entre outros fatores que irão contribuir para seu bom desempenho durante os treinos. Porém, um dos fatores pouco mencionado e que faz grande diferença é a roupa do atleta, que pode contribuir ou dificultar seu rendimento.

A pele é o maior órgão do corpo humano, responsável por 90% da troca térmica e por 85% da evaporação do suor. É através dela que é regulada a temperatura do corpo.

Por isso, treinar com muito sol e uma camiseta de algodão não será a melhor opção, pois este tecido retém 8% do suor, o que causa uma sensação de desconforto, além de deixar a camiseta úmida, o que dificultará ainda mais nos treinamentos. Por esta razão, correr ou praticar esportes com aquela boa e velha camiseta de moleton não é legal. As roupas esportivas incorporam tecnologia e impulsionam o mercado deste setor.

São vendidas em torno de 600 milhões de peças esportivas pela Rodhia, com tecnologia aplicada nos tecidos, que têm maior absorção de umidade, eliminação de odores, leveza e hidratação, entre outras melhorias que são pesquisadas e aplicadas aos atletas e amadores, além de curiosas modificações como a liberação de cápsulas com diferentes aromas.

Todo o uniforme da seleção brasileira de futebol, produzido pela Nike, é projetado para oferecer conforto aos jogadores. A nova camisa é a mais leve produzida pela marca, com 133 gramas, sem absorver suor. Outro tecido dessa vez fabricado pela empresa têxtil Rosset, chamado "Hidrata-tecido", libera microcápsulas que hidratam a pele e proporcionam sensação de frescor. A empresa registrou um crescimento nas vendas de 15%, em média nos últimos três anos. Enquanto a exclusividade em tecido para as mulheres encontra-se numa legging fabricada pela empresa Doox, confeccionada com o tecido "Crepe-power", com a função de esconder as celulites em razão da sua compressão e ranhura.

A estudante Mariana Alencar, de 23 anos, afirma que comprou a legging e que pôde sentir os efeitos durante as semanas de uso. "Queria ficar o dia inteiro com aquela calça. Adorei o tecido e, é claro, escondeu muito bem muitas das minhas imperfeições."

Mas, como identificar um fio de poliamida ou poliéster? A única maneira de ver é através da etiqueta. No Brasil todas as confecções são obrigadas a discriminar na etiqueta da roupa a composição do tecido. Normalmente as camisetas tecnológicas, como o Dri Fit e o Thermodry são feitas de 100% poliéster ou 100% poliamida. Claro que uma camiseta de poliamida tem um toque mais agradável, além de ser mais macia, absorvente e leve.

O grande desafio da indústria têxtil é fazer com que o seu corpo atinja o microclima ideal através do vestuário. O microclima é a temperatura que fica entre a pele e a roupa, que deve ser sempre 32ºC. Assim, as roupas de calor devem ser feitas para amenizar a temperatura do corpo. Já as de frio devem aumentar o microclima.

Para esse vestuário do frio, a indústria têxtil usa a estrutura de tecelagem, porque a trama dos fios é fechada. Já no calor, a preocupação do atleta será em liberar mais rápido o suor e manter a temperatura do corpo mais baixa. Por isso, a roupa deve ser leve e com estrutura de malha de maior porosidade.

Para os atletas, é bastante comum treinar no sol e, conseqüentemente, correr risco de se queimar e, em longo prazo, até desenvolver um câncer de pele. Para evitar esse inconveniente muitos tecidos têm proteção UV. Isso não irá fazer muita diferença se usado numa única prova, porém aquele atleta que treina todos os dias irá sentir a diferença e, além do mais, estará se prevenindo de um câncer de pele. Os atletas devem observar a condição do tempo para então definir o tipo de roupa que irão usar. Assim, como, por exemplo, na Fórmula 1, se estiver calor usa-se um tecido leve, que não gruda no corpo e permite a rápida evaporação do suor. Já no frio o tecido utilizado será aquele que corta-vento ou uma camiseta de manga longa, porém o tecido não pode ficar molhado e tem que manter o atleta aquecido.

O vendedor Cristiano Misiara, da loja "A Esportiva", diz: "As pessoas que praticam esporte, as que fazem apenas ginástica ou correm nos finais de semana costumam comprar suas roupas com tecnologia. Os novos tecidos permitem a evaporação do suor e dá melhor desempenho na atividade. Algumas marcas como Nike, Adidas e Reebok têm seus fios com tecnologia como, por exemplo, Dry feet, Clean Cool e Play Dry, cada uma desenvolvendo o seu fio para melhor atender aos atletas e o consumidor em geral". As roupas saem por um custo entre R 39,00 a R150,00. "É tecnologia acessível a qualquer consumidor, dependendo do que procura e do tamanho do gasto que deseja ter", comenta Cristiano.

Mariana Alencar é também praticante de natação desde criança apenas como lazer, e alega que gosta das roupas da Adidas, inclusive o óculos e, que não tem do que a reclamar. Ela acredita que a numeração da marca cai muito bem no seu corpo e é muito confortável para nadar. "Tem atletas amadores que ficam anos procurando uma roupa adequada para o esporte. Então, acredito que tive muita sorte ao encontrar um tecido confortável num preço razoavelmente acessível ao meu salário."

O diretor de marketing da Umbro, Marcelo Munhoz, informa que os atletas do Santos Futebol Clube usam as roupas fabricadas pela Umbro e, que a empresa usa tecidos de fibras desenvolvidas no Japão, as chamadas Higra e Lumiace, que são muito mais eficazes que o algodão. "Esses tecidos regulam a temperatura do corpo e permitem melhor evaporação do suor maximizando a performance do atleta." Ele comenta ainda que o atleta do futsal, Falcão, é patrocinado pela Umbro e, tem ótimo rendimento nas quadras esportivas. "Em 2007, ele foi o artilheiro dos Jogos Pan-americanos vestindo os nossos tecidos."

Na pele do Tubarão - O tubarão, o maior inimigo dos banhistas, tornou-se o maior aliado dos nadadores. A textura de sua pele está sendo copiada por fabricantes de roupas esportivas que acreditam ter encontrado o modelo ideal de maiôs: aderentes e com pequenos orifícios para facilitar a passagem da água pelo corpo. O traje melhora em até 3% o rendimento do atleta.

Os maiôs, desenvolvidos por Adidas, Nike, Speedo e TYR Sport, são inteiriços e reduzem o atrito com a água e auxiliando na compressão muscular.

Os tipos já desenvolvidos são: 1 Aquapel TYR Sport – Proporciona compressão muscular através de um sistema de placas costuradas para comprimir as seções essenciais dos músculos. O maio também reduz o atrito e tem suas costuras especialmente posicionadas para aumentar a flexibilidade e afastar a água de áreas de alto atrito. 2 Fastskin Speedo – Proporciona redução de atrito através de um traje mais hidrodinâmico, com pequenas estruturas em forma de V, inspirado na pele do tubarão. Já que minúsculos sulcos no tecido permitem que a água passe pelo corpo mais livremente. O fluxo da água é direcionado sobre o corpo, reduzindo o arrasto e a turbulência na piscina.