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O executivo e o pescador
Trabalhar muito, emprego, namoro, vida simples, qualquer coisa vale se houver esse brilho.
Por Bruno Piesco
O que vejo é um teto branco, olho pro lado o rádio relógio está marcando 6, levanto, tomo banho, me visto, ligo o rádio, a pressa parece ser uma mãe me expulsando de casa. Ao descer no subsolo do prédio, meu carro parece estar sorrindo, vibrando por ir passear de novo, entro no carro o cheiro é delicioso, modernidade pura, manobro e logo estou na rua, trânsito, barulho, gente lerda na faixa da esquerda e finalmente chego ao edifício onde trabalho. O elevador está lotado, as pessoas transparecem a vontade de estar em qualquer lugar menos ali. Meu destino é o 13º andar, digo bom dia à Letícia minha secretária e adentro à minha sala pontualmente às 8h. Eu

Ligo o computador enquanto checo minha agenda, abro meu Notes, 34 mensagens, já sei que a metade vai pra lixeira. Analiso relatórios, faço telefonemas, tenho uma reunião às 10h, vou almoçar, elaboro relatórios, faço telefonemas, mando 21 e-mails, elaboro a agenda de amanhã e vou embora às 18h30. É quarta-feira, tem jogo do Palmeiras depois da novela, chego em casa, tomo banho, como um cupnudles e vibro com cada lance do meu verdão, termina o jogo, o meu time vence, escovo os dentes e vou dormir.

Ufa! Quanta coisa, que dia corrido. Você, leitor, pode estar se identificando com algum ponto do parágrafo acima, é alguma parte do seu dia, faz relatórios, levanta ás 6h ou até mesmo deseja ter uma vida semelhante a esta.

Caso você tenha ou queria ter uma vida corrida como essa, que é a vida de qualquer executivo de aproximadamente 30 anos, é melhor refletir. O sucesso profissional, o salário bom que nunca é o bastante, o carro novo e porque não, as belas mulheres que tudo isso traz, são rotinas indiscutíveis de como esse status é agradável. Porém, como tudo na vida, existe o outro lado. O lado nem sempre lembrado, o lado em que você se sentiu bem, sem o peso de uma responsabilidade que gera ou cerceia lucro, dinheiro.

Quando foi a última vez que você se encantou com uma mulher não porque ela era linda ou porque poderia render uma “parceria exitosa”, mas porque ela era simplesmente faladeira, desastrada e muito simpática? É, talvez tenha sido na faculdade ou até mesmo no colegial. Quando foi a última vez que você teve a vontade de fazer o que realmente lhe dá prazer, como permanecer em uma praia, sobrevivendo de uma “banquinha” de água de coco, ou trabalhar em uma marcenaria, sentindo o cheiro de madeira cortada? Pois é, talvez tenha sido na sua infância ou adolescência.

Certa vez, quando eu ainda estava na faculdade, um professor contou uma história que eu jamais vou esquecer: “Era uma vez um executivo que depois de cinco longos anos resolveu tirar férias, resolveu ir a um lugar bastante distante, chegando ao lugar que ele escolheu, quis ir pescar. No mesmo lago que o executivo em férias estava havia um ‘nativo’ da região. Na primeira hora o executivo não conseguiu pescar sequer um peixe e o nativo encheu sua cesta com 12 belos peixes. O executivo indignado pergunta qual o segredo para tal façanha, o ‘nativo’ responde que os peixes gostam da isca que ele mesmo produz. O executivo já vislumbra cifrões, propõe ao ‘nativo’ uma parceria, ele produziria as iscas e o executivo entraria no mercado com as novas iscas, tudo dividido igualmente, ambos os lados faturariam. O ‘nativo’ escutou atentamente a proposta e respondeu com segurança que não. O executivo fica indignado, tenta persuadi-lo, seria a sacada da década, estaria em jogo milhões de dólares e depois que o ‘nativo’ trabalhasse bastante, ganhasse bastante dinheiro, podia se aposentar e fazer o que gosta, que é pescar. Nesse momento, o ‘nativo’ o interrompe e o indaga: - Mas eu já faço o que gosto e sou feliz assim! O executivo ficou minutos sem emitir nenhum som. Nunca mais foi visto na empresa onde trabalhava”.

Respire fundo, olhe para o seu teto branco e responda se você é o será feliz. A primeira coisa que irá se perguntar é como vou me sustentar, e as coisas que eu gosto como farei para mantê-las? A resposta está em outra pergunta. Tudo o que eu tenho é essencial e possuo o brilho no olhar de um homem feliz? Parabéns! Você está no caminho certo se assim está com o brilho no olhar. Parabéns! Você descobriu que seu olhar está um tanto quanto fosco, se sua resposta foi negativa. Não fique aí lendo este texto, corra atrás do seu brilho no olhar!