|
Home
Sobre
Equipe
Email
Edições
|
|
Mídias - 1968 - Política, Comportamento, Cultura
|
Arma contra a ditadura
|
 |
O poder da fotografia no registro das passeatas e punições |
 |
Por Jeifferson Moraes |
Fotos: Evandro Teixeira
|
 |
Ele tinha em mãos uma arma. Com movimentos precisos e olhar atento, escolhe o alvo. À sua frente, milhares de pessoas. Ele sabe que o momento é único e não pode desperdiçá-lo. Então ergue o instrumento e, com a certeza de sua decisão, dispara! Várias vezes. Disparos que não mataram, mas que eternizaram um momento da história do Brasil.
O fotógrafo Evandro Teixeira é o autor das mais famosas fotos da “Passeata dos Cem Mil”, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, um ato contra a ditadura militar, em 1968. Após 40 anos, uma de suas fotos tornou-se foco de um projeto que levou cinco anos para se concretizar e resultou no livro 68 Destinos — Passeata dos Cem Mil.
Por meio da imagem, que mostra o rosto de milhares de pessoas, foi possível a identificação de 100 das 100 mil que estavam presentes na Cinelândia naquele 26 de junho de 1968. Partiu do amigo e jornalista italiano, Georgio Teruzzi, a idéia de transformá-la num projeto. “No início, a idéia era publicar 68 pessoas para simbolizar o ano de 1968. Depois chegamos ao número de 100 pessoas identificadas, que poderia representar os 100 mil participantes, fato que deu nome à passeata”, lembra Evandro Teixeira.
O livro mostra os rostos dos personagens identificados na foto. O autor compara a história de cada um com imagens atuais feitas no mesmo local da passeata. O arquiteto Ernandes Fernandes e a designer Elayne Fonseca foram os primeiros a se reconhecerem na foto e mantêm até hoje uma relação de amizade com o fotógrafo. Casaram-se três anos depois da passeata e, em 1979, viram a foto pela primeira vez. “Quando editamos o primeiro livro de Teixeira, em 1981, Fotojornalismo, a Elayne se redescobriu na foto. Foi a primeira vez que a imagem foi publicada”, conta Fernandes.
Na opinião do casal, Evandro Teixeira é um fotógrafo ativo e com muita desenvoltura. “Lembro que na época da Agenda 21, aquele evento ecológico, quando todos os fotógrafos foram vetados, ele foi o único a conseguir uma imagem. Foi até uma obra próxima, subiu na caçamba de um caminhão e fez a foto”, diz Fernandes.
O autor - Aos 72 anos, Evandro Texeira ainda trabalha no mesmo jornal pelo qual foi cumprir a pauta há quatro décadas, o Jornal do Brasil. Quando menino, morava numa pequena cidade da Bahia, Jequié, e já se interessava pela arte. Com uma caixa de papelão conseguia reproduzir filmes, em películas, trazidas de Salvador. Mas quando viu uma série de fotografias publicadas na revista O Cruzeiro descobriu que seria fotógrafo.
Foi para o Rio de Janeiro, onde começou fotografando casamentos e fazendo bicos. Seu primeiro trabalho como fotojornalista foi em 1958, no jornal Diário da Noite. Em 1962, foi trabalhar no Jornal do Brasil que era considerado um dos principais veículos jornais do País. Foi o único a fotografar o corpo do poeta chileno Pablo Neruda no porão do hospital, pois conhecia a mulher do poeta: “Fiz grandes coberturas no mundo e no Brasil. Mas o momento mais significativo e dramático foi durante o Golpe Militar no Chile, que foi muito pior que no Brasil”.
Evandro Teixeira recebeu, entre outros, o Prêmio Especial da Unesco no Concurso Internacional “A Família”, no ano de 1993, em Tóquio. Além dos Prêmios do Concurso Internacional da Nikon, Japão, 1991 e 1975 e da Sociedade Interamericana de Imprensa, em Miami. Em 2004, Teixeira teve sua vida e obra retratada em um documentário, exibido nacionalmente: Evandro Teixeira: Instantâneos da Realidade. Em 2005, editou o livro Vou Viver, com fotografias exclusivas da morte do poeta Pablo Neruda, no Chile.
Serviço - O livro 68 Destinos — Passeata dos Cem Mil pode ser comprado por meio do site www.textual.com.br, da Editora Textual. Patrocinado pela Petrobrás, a obra tem 120 páginas e custa R 98,00.
|
|
|
|
|
|