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Comportamento - 1968 - Política, Comportamento, Cultura
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Uma jovem senhora
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A popularização da minissaia, peça que desnudou as pernas das jovens 40 anos atrás |
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Por Gabriela Aguiar |
Fotos: Divulgação
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Quando pensamos no trabalhão que as mulheres tiveram para se impor política e socialmente nos anos 60, a peça de roupa que retrata perfeitamente o movimento pela emancipação é a minissaia. É lógico que o assunto é polêmico. Se você, por exemplo, conversasse com uma adepta radical do feminismo, ela discursaria: “A minissaia aliena e transforma a mulher num objeto sexual”. Já as liberadas diriam: “Que nada! Alienada é quem não curte o próprio corpo”.
O fato é que em 1968 a minissaia surgiu para libertar e polemizar. A idéia era ousar, mostrar que a moda deveria partir de cada um, pois não existia uma tendência única. O pequeno pedaço de pano veio para mudar o guarda-roupa feminino, uma invenção da estilista inglesa Mary Quant e do costureiro francês André Courrèges. Mas Mary deixou bem claro: "A idéia da minissaia não é minha, nem de Courrèges. Foi a rua quem a inventou".
Mary Quant era estudante de moda e por isso passou a desenhar as suas próprias roupas. Abriu lojas em Londres e fez muito sucesso. Seus empreendimentos se tornaram um ícone na vanguarda dos anos 60. Já André Courrèges inovou ao criar roupas com uma visão futurista, utilizando formas geométricas, associando à moda a sua outra profissão, a de engenheiro civil. Ele disse: "Hoje, a mulher é igual ao homem: trabalha, tem mil afazeres. Por isso, é preciso facilitar a sua vida e lançar mão de todo o avanço tecnológico que traz esta facilidade”.
Evolução - As saias de mais ou menos 30 centímetros de comprimento deixavam ousadamente as pernas à mostra, sinônimo de feminilidade e da libertação sexual. Mary Quant dizia: “A minissaia é sexy, mas jamais obscena. A moda é feita para provocar o desejo”. E é assim até hoje diz a ex-modelo e hoje empresária Maria Clotilde Frassei, a Clô: “A minissaia é uma peça provocante que leva os homens à loucura quando uma mulher dá aquela cruzadinha de pernas. Elas arrancam olhares quando estão usando uma, mas é lógico que para isso é fundamental ter belas pernas”.
Novos modelos surgiram, novas combinações de roupas para usar com elas, além de cores e acessórios. Hoje, existem minissaias jeans, de couro, mais soltas e bem apertadinhas, desfiadas, de prega, cós alto ou baixo, meio aberta dos lados, de zíper ou com botões, de cores leves ao mais extravagante xadrez. Isso sem contar a de oncinha. “O estilo mudou, mas a peça nunca sai de moda. Está sempre presente nas coleções primavera-verão, principalmente num país tropical como o Brasil”, diz Clô. Como profissional ela participou de desfiles em Paris, Milão e Tóquio. Foi uma das cinco principais modelos brasileiras nos anos 90. Ainda em relação à moda, a empresária diz que as idéias da década de 60 nunca deixaram de ser usadas.
Fernanda Sanches tem 19 anos e é modelo da agência By Clô. Ela curte minissaia e diz que uma vez chegou a transformar uma calça jeans: “Cortei, costurei e transformei a calça em minissaia. E a bordei com lantejoulas. Adoro minissaia”.
A aluna do curso de moda da Universidade Santa Cecília, Camila Neves, também diz que não dispensa a minissaia. Ela considera uma das melhores peças inventadas e que demonstra muito o estilo de cada mulher. “Dizem que as gordinhas não ficam bem de minissaia, mas eu não me preocupo com a opinião dos outros. Vou aprender a criar estilos de roupa que caem bem no meu corpo. Aprendi que cada mulher tem a sua maneira de se vestir. É por meio das peças que elas mostram um pouco da sua personalidade. Eu, por exemplo, sou meio maluca e adoro muitas cores. As minhas minissaias não são diferentes”.
“Acho difícil a minissaia sair de moda, toda mulher gosta e todo homem também”, brinca a coordenadora do curso de design de moda do Centro Universitário Monte Serrat Unimonte, Paula Orsatti. “A única coisa de diferente que ocorre em relação à minissaia é o surgimento de novos modelos, isso para diversificar, não cansar. É preciso inovar para chamar atenção, caso contrário perde-se o prestígio da criação e ela acaba sendo esquecida. As minissaias caíram no gosto das mulheres, principalmente por ser até hoje um símbolo da libertação feminina”.
A aposentada Ana Maria de Oliveira tem hoje 60 anos. Ela conta que adorou a idéia da minissaia e que gosta até hoje. “Lembro da primeira minissaia que comprei. Era preta. Usei com uma blusa branca. Gosto até hoje, só que na minha idade não dá mais, né? Mas quando surgiu não havia como não usar. A minissaia fez um sucesso imenso", diz.
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