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A exploração imobiliária e o crescimento do Porto ameaçam o mangue |
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Por Camila Ornelas |
Fotos: Camila Ornelas
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Com a rápida expansão imobiliária — principalmente a construção de resorts e de marinas e o aumento da área portuária —, o manguezal está desaparecendo na Baixada Santista. Considerado o berço do oceano, a preservação desse ecossistema típico de regiões litorâneas é fundamental, pois 2/3 dos seres aquáticos o utilizam para a reprodução. O biólogo da Universidade Santa Cecília, Orlando Couto Júnior, diz que a sua vegetação é basicamente formada por plantas. "Na margem, os galhos das árvores formam ninhais e concentram diversas espécies de pássaros que ali descansam e se perpetuam. Aqui na região, em vários pontos do mangue, já é possível encontrarmos palmeiras, bananeiras e outras plantações características da ocupação humana. É preciso critério na expansão imobiliária", alerta.
A biodiversidade dos manguezais se traduz também em significativa fonte de alimento para as populações humanas. Nesse ecossistema, aves como a garça, o bem-te-vi e o socó-dominhoco, e peixes como a garoupa, a sardinha e o robalo, além de moluscos e crustáceos, se alimentam e se reproduzem. Assim, dão origem aos recursos pesqueiros indispensáveis à subsistência das populações que vivem nas zonas costeiras, como o cultivo de ostras e de outros organismos aquáticos. “Esse ecossistema produz mais de 95% do alimento que o homem captura no mar”, esclarece o professor da UNISANTA.
O mangue é propício ainda para o desenvolvimento de plantas ornamentais, principalmente orquídeas e bromélias, e a criação de abelhas. "Também se pode utilizá-lo para o desenvolvimento de atividades turísticas, recreativas, educacionais e de pesquisa científica. Ou seja, a biodiversidade do mangue tem alto valor ecológico e econômico", salienta Couto Júnior. Outra propriedade do manguezal é funcionar como barreira quando vem a frente fria, amenizando a ação dos ventos intensos. “Isso diminui consideravelmente o impacto das ventanias dentro da área continental", diz o professor. Em relação ao solo, a sua flora serve para impedir a erosão. As raízes das plantas e árvores que ali se proliferam funcionam como filtros na retenção dos sedimentos, que contém ainda importante banco genético para a recuperação de áreas degradadas, como aquelas prejudicadas por metais pesados.
Apesar da grande devastação que os mangues vêm sofrendo na Baixada Santista muitas atividades humanas podem ser desenvolvidas ali, sem que haja prejuízos ou danos. Por exemplo, as pescas esportiva, artesanal e de subsistência, desde, é claro, que se evite a sobrepesca, principalmente de fêmeas ovadas, justamente um dos principais problemas que afetam hoje esse ecossistema. “A sobrepesca é a captura em quantidades acima das cotas acordadas internacionalmente para garantir a manutenção dos estoques de peixes e a sustentabilidade da pesca comercial”, explica o biólogo. Segundo ele, outro uso que se pode fazer do mangue é o aproveitamento da madeira das árvores, mas desde que haja reflorestamento.
Educação ambiental no mangue
Em 2005, no Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, o Painel Consultivo Comunitário de Guarujá inaugurou o Programa Mangue Limpo, com o apoio da Dow Química do Brasil. Pelo projeto, biólogos e alunos da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Santa Cecília realizam o estudo e a identificação das espécies de fauna e flora do manguezal e também o replantio e o monitoramento nas áreas degradadas, ao longo do Rio Santo Amaro, no Distrito de Vicente de Carvalho.
O biólogo e professor da UNISANTA, Orlando Couto Júnior, diz que parte da recuperação em áreas de manguezais em Vicente de Carvalho ocorre com o replantio de propágulos — as sementes das plantas — nas áreas afetadas. Ressalta que os cuidados com os manguezais devem ser mantidos por meio da educação ambiental, principalmente com as crianças, para que elas saibam proteger, no futuro, esse ecossistema: "Os alunos de Biologia criaram um viveiro de mudas de plantas e o Museu do Mangue, para expor organismos como peixes, moluscos e caranguejos”.
Segundo Couto Júnior, o Programa Mangue Limpo capacita ainda os pescadores artesanais, que recebem informações sobre como montar e cuidar de tanques para a criação própria do camarão para a pesca, sem retirá-los do meio ambiente. Referindo-se à participação da Dow Química no projeto, ele diz: "A área ambiental não deve ser encarada como um problema para as empresas, e sim apontar caminhos alternativos para viabilizar a expansão da fábrica com o menor impacto ao meio ambiente", relata.
TCC 2007 orientado por Márcio Calafiori
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