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Replantar mangues: uma saída
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Remangue e Mangue Limpo mostram união de forças empresariais e da Universidade |
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Por Nathalia Ilovatte |
Fotos: Nathalia Ilovate
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Em uma quinta-feira de manhã, um grupo de estudantes da 5ª série ao Ensino Médio reúne-se na Praia do Perequê, Guarujá, para expor seus trabalhos de artesanato feitos com material reaproveitado. São luminárias de cano de PVC, brincos de alumínio, sofás de garrafa PET e até uma casinha feita com caixas de leite longa vida.
Em seguida, caminham até o Rio do Peixe junto com professores. Pegam sacos de lixo, arregaçam as mangas e entram no mangue, cheios de bom humor e boa vontade, para recolher todo o lixo que for encontrado. E não é pouco: sacolas, garrafas, um enorme pneu e até uma mesa foram retirados.
Depois, mudas de Rhizophora mangle, ou mangue vermelho são plantadas no local pelos estudantes. Enquanto isso, uma parte do grupo vai até as palafitas próximas ao mangue para conscientizar os moradores sobre os problemas causados pelo despejo de lixo no lugar.
O motivo da mobilização, em junho de 2008, foi o Dia Mundial do Meio Ambiente, criado em 5 de junho de 1972 para marcar o início da preservação ambiental como uma das prioridades das nações de todo o mundo. E a aula prática de ecologia e cidadania faz parte do Programa Mangue Limpo, da Unisanta, realizado em parceria com a Dow Brasil.
O projeto é bem amplo. Foram construídos um minimuseu e uma estação de larvicultura para pesquisas científicas. Há estudos da fauna e da flora.
“Tudo começou com um TCC sobre o uso de garrafas PET auxiliando no replantio. Depois iniciamos o mutirão, construímos o viveiro e desenvolvemos o programa", conta Orlando Couto Junior, professor do Curso de Biologia Marinha da Universidade Santa Cecília Unisanta.
As professoras das escolas também ajudam a educar os estudantes sobre as questões ambientais: “Em duas semanas, os alunos fizeram o artesanato e pesquisaram em jornais e revistas para montar um painel. Juntaram matérias sobre aquecimento global, extinção de espécies, entre outros”, explica a professora de geografia Rosângela Maria Oliveira, da Escola Estadual Pastor Jaconias Leite da Silva. O trabalho feito em classe é complementado pelo Programa Mangue Limpo. “Não ficamos só no livro. É preciso ir a campo, também”, diz.
Além dos trabalhos de educação ambiental, produção de mudas e replantio em áreas degradadas, há também o cultivo de organismos aquáticos, levantamento das espécies de caranguejos e identificação de líquenes e poliquetos. O trabalho de estudo e preservação tem grande importância para o meio ambiente. De acordo com Orlando Couto Junior, o manguezal é o berçário das espécies marinhas e também tem a função de proteger as praias contra a erosão e a ação dos ventos. Quando a vegetação do mangue é retirada, o solo fica solto, provocando assoreamento”, explica.
Prossegue o replantio e monitoramento nas áreas degradadas ao longo do Rio Santo Amaro, replantio de mudas, o repovoamento de robalos e a remoção de lixo no mangue.
Na Estação de Larvicultura, são desenvolvidas pesquisas científicas, como a do repovoamento de alevinos de robalo, pitu e camarão rosa. Os alunos do Ensino Médio recebem informações sobre como montar e cuidar de tanques para a criação própria do camarão para a pesca, sem retirá-los do meio ambiente.
Crianças são os novos agentes ambientais
No jogo, vale tudo: ser caranguejo, plâncton,
guará vermelho...O personagem lixo é o grande vilão
Na brincadeira de pega-pega, cada aluno representa um elemento do mangue: a maré, o plâncton, o caranguejo, o guará vermelho. Uma criança é sorteada para ser o lixo. E outra, a educação, cujo papel será o mais importante: proteger o mangue, evitando que o lixo chegue perto dele e o destrua.
Com essa mensagem foi encerrada a última aula da 5ª turma de 2008 do Projeto Remangue, na quadra da Escola Estadual Vera Lúcia Machado, em São Vicente.
Durante um mês, 20 alunos de 11 a 13 anos tiveram aulas semanais sobre o ecossistema dos manguezais e a importância de sua preservação. Visitaram o mangue da Cidade Náutica III, em São Vicente, e cultivaram mudas de espécies características desse tipo de vegetação.
Agora, são os novos agentes comunitários do projeto. Vão dar continuidade ao trabalho cuidando do mangue, fazendo o replantio das mudas, limpando a área e conscientizando os moradores sobre a importância da preservação ambiental.
O Projeto Remangue da Unisanta teve início em 2005. Os alunos da Faculdade de Biologia Marinha da Universidade Santa Cecília, Tatiana Marques e Herbert Lima, então no primeiro ano do curso, começaram dando aulas sobre preservação dos mangues para jovens de 11 a 18 anos que freqüentavam a sede do Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte SEST/SENAT, com a coordenação do professor doutor em Ecologia Fábio Giordano, da Unisanta. "Meu primeiro contato com meio ambiente foi através do mangue, por ser perto de onde moro. Na faculdade tivemos a idéia das aulas, falamos com a pessoa certa e o projeto cresceu", conta Tatiana.
E cresceu tanto que, no começo de 2008, foi escolhido para participar do Programa Remar, da Petrobrás, que patrocina iniciativas que contribuam para aumentar a sustentabilidade, geração de renda e qualidade de vida de populações carentes. "De dois mil projetos, só doze foram selecionados. O nosso foi um deles!", comemora a aluna.
Com o incentivo financeiro do programa, o Projeto Remangue construiu um viveiro para cultivar mudas que serão replantadas, fez camisetas, material didático para as aulas e banners para a divulgação. E no ano que vem terá também uma oficina de capacitação em jardinagem, para moradores da região da Cidade Náutica III. Outros materiais, como microscópios, são cedidos pela Universidade.
Para Tatiana e Herbert, todo o trabalho vale a pena quando olham para os resultados. "Eu chego em casa e ensino para os meus pais o que aprendi. E se vejo alguém jogando lixo no mangue, explico porque não pode fazer isso", conta Gabriel, de 12 anos, um dos alunos mais participativos e entusiasmados com as aulas. "Nós percebemos que eles modificam a consciência das pessoas de casa e do bairro", diz o professor.
Mesmo depois de terminarem a faculdade e a ajuda do Programa Remar chegar ao fim, os idealizadores do Projeto Remangue pretendem dar continuidade a ele. "Se conseguirmos patrocínio, vamos trabalhar também em outros bairros de São Vicente, além de Praia Grande e Cubatão", conta Herbert, animado.
Até junho de 2008, haviam educado cerca de 100 crianças, dentro dessa nova fase de parceria com a Petrobras. O Remangue-Educação tem como objetivo a capacitação lideranças para atuar na gestão de recursos pesqueiros e geração de renda, estimulando a conscientização de jovens e promovendo o reflorestamento de manguezais.
O professor Fábio Giordano, doutor em Ecologia e biólogo, coordena o trabalho pela Unisanta, desenvolvido em parceria com Sest Senat de São Vicente. Giordano é Doutor em Outro objetivo é formar jardineiros nas aulas sobre mangue e multiplicadores que possam levar informações e técnicas sobre o assunto às escolas da região por meio de palestras e minicursos. “Ao final do projeto deverão ser plantadas de 2 a 3 mil mudas de mangue na área do Sest. Além do aspecto social, o projeto contribuirá para a preservação da região costeira e a contenção de sedimentos evitando a invasão da água”, afirma Giordano.
E, juntas, cultivaram 300 mudas no viveiro, para serem replantadas no mangue.
Matéria produzida em 2008. colaboradora: aluna do 2º ano
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