|
Home
Sobre
Equipe
Email
Edições
|
|
Crônica - SantosCom
|
Quem vê avatar não vê coração
|
 |
O Second Life esconde mentiras |
 |
Por Ivan Cláudio Siqueira |
|
 |
Dentre o sonhar e o alcançar, muitas máquinas ainda pertencem aos futuros da ficção, mas outras grandes invenções já fazem parte da nossa realidade e ultrapassaram os limites da razão humana. Por exemplo, o simulador virtual Second Life.
O Second Life — ou apenas SL — é um ambiente virtual e tridimensional que simula, em alguns aspectos, a vida real e social do ser humano. Dependendo do tipo de uso que se faça, pode ser encarado como um jogo, um mero simulador, um comércio virtual ou uma rede social. Mas se tal ambiente é virtual, então como está invadindo os limites básicos da vida real? Será que humanidade evoluiu tecnologicamente, mas está estagnada racionalmente e, assim, desfruta de um distúrbio psicológico entre as realidades?
O professor de Ciência da Computação da Universidade de São Paulo USP, Valdemar Setzer, explica que uma das razões principais deste rompimento de barreiras virtuais e reais ocorre pelo fato de que a vida —nesse caso a real— tornou-se difícil e, muitas vezes, miserável. “Na vida virtual, a pessoa pode imaginar outras situações, em que ela tem oportunidades de emprego e de relacionamento social que não existem em sua realidade”, diz Setzer.
Além do afastamento social e real, o jogo anda possibilitando ao usuário obter uma fonte de renda com a venda de objetos, imóveis, carros e acessórios, tudo virtual, a outros usuários do próprio SL. Só há um detalhe: a compra do objeto virtual se faz muitas vezes por meio de dinheiro real. Setzer enfatiza que todos esses eventos acabam prejudicando o relacionamento social e o desenvolvimento pessoal: “A pessoa se satisfaz com algo que na verdade não existe”.
O Second Life, como qualquer outro meio de relacionamento social real e virtual deve ter os seus limites respeitados, pois temos de nos conscientizar que moral continua sendo moral, dinheiro continua sendo dinheiro e, principalmente, o ser humano continua humano.
E sempre ter em mente que na balada do SL a gatinha que está de longo, maquiada e dançando é, na realidade, a mesma garota que está sentada numa cadeira, de pijama, mal arrumada e olhando para a tela do computador. Quem vê avatar, não vê coração. Será?
Matéria produzida em 2007
|
|
|
|
|
|