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Amor animal
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Há cinco anos, ele recolhe e trata de animais que são abandonados pela orla da praia do Itararé, em São Vicente |
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Por Tatiane Lima |
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A atenção do dono é disputada a todo minuto por Yara, Pretinho e Mirna, os três cães adotados por Wainer Duarte Baptista, de 70 anos. Mais de 50 animais já passaram por seus cuidados. “E muitos ainda estão por vir”, garante, contando que sempre aparece um novo cão perdido em São Vicente, que é acolhido, tratado e encaminhado para adoção.
Divorciado, no segundo casamento, com dois filhos, e aposentado desde os 58 anos, Wainer trabalha como técnico em eletrônica nas horas vagas, quando não está entretido com os animais ou então atuando como vice-presidente da Sociedade Amigos do Itararé SAI, cargo que ocupa há 16 anos. A aposentadoria por invalidez aconteceu por problemas de saúde: teve câncer e, em dois anos, passou por cinco cirurgias, tratamento radioterápico e por um delicado processo de recuperação. Ele reconhece que os cães o ajudaram na reabilitação: “Os cães são ótimos para isso. Desde a infância sou apaixonado por animais. Todo o tempo você dá muita risada por causa das brincadeiras que eles fazem”.
Mesmo passando por momentos difíceis, Wainer não perdeu o otimismo. Ele conta que também faz companhia às pessoas doentes: acompanhou uma senhora com câncer generalizado por dois anos, três vezes por semana, até seu óbito. Atualmente, cuida de uma outra senhora, de 98 anos, que teve derrame e tem dificuldades de locomoção. Wainer a leva para as sessões de fisioterapia, médico e para fazer exames.
Ele diz que sempre gostou de ajudar quem precisa e que com a sua experiência de vida aprendeu a olhar o mundo por uma perspectiva diferente: “Quando encontro uma pessoa doente sinto-me na obrigação de ajudá-la”. Os trabalhos voluntários realizados por Wainer com pessoas e animais são de iniciativa própria. Ele nunca teve vínculos com entidades.
Yara é a cadela que está há mais tempo sob a sua proteção. Já Pretinho, o descobridor de Nina, foi encontrado há cerca de quatro anos e Mirna, a cadelinha mais nova, apareceu há dois anos. “Adoro todos eles, mas a Yara é a mais ciumenta, vive grudada comigo e toma conta de mim”, diz orgulhoso. Além da constante companhia que fazem ao dono, Yara, Mirna e Pretinho ajudam a manter a ordem latindo para os ciclistas que não respeitam a proibição do passeio de bicicleta pelo calçadão.
Conscientização
Os animais começaram a aparecer com mais freqüência na Praia do Itararé, em 2000, quando os quiosques iniciaram as atividades comerciais. Atraídos pelo cheiro da comida, cães e gatos passaram a ficar por perto dos estabelecimentos, uma vez que donos e funcionários, com pena, alimentavam-nos.
Conversando, moradores e comerciantes envolvidos com esses animais perceberam que a única forma de evitar a procriação e o conseqüente aumento do número de cães e gatos pela orla, era a castração. Em pouco tempo, descobriu-se que existiam veterinários que realizavam a cirurgia a baixo custo. E assim começaram as contribuições para o tratamento dos animais.
De certa forma, começou aí o processo de conscientização dessas pessoas. Assim, em 2002, uma mobilização popular, por meio de abaixo-assinado, coordenada pela União Internacional de Proteção aos Animais UIPA conseguiu junto ao Ministério Público instituir uma lei de amparo proibindo o sacrifício de animais na cidade de São Vicente.
A única ajuda com a qual Wainer conta é a da população. Todas as carências dos cães e outros animais são supridas por ele e pela amiga Elisabeth Cardoso, responsável por alimentá-los diariamente. Donos de quiosques das imediações e moradores do bairro também colaboram com alimentação, remédios e outras possíveis necessidades.
O que mais chama a atenção é que grande parte dos cães abandonados é de raça. O período de permanência do animal na SAI depende dos interessados na adoção. Há casos em que eles ficam aos cuidados de Wainer por mais de um ano até que se arrume dono. Do mesmo modo que há casos de cães que são encontrados e no dia seguinte já existe quem queira adotar.
Wainer não tem preferência por nenhuma raça. Quando era criança sonhava em ter um basset-hound, mas nunca teve oportunidade de comprar nem ganhar nenhum animal dessa raça. Ele diz que todo o animal é bem-vindo. Wainer não leva os animais para casa porque mora em apartamento e é contra deixá-los presos em lugares pequenos. No seu conceito, os animais devem viver soltos e em lugares abertos e espaçosos.
Um canil de primeiro mundo, como os que existem nos Estados Unidos, é sua atual pretensão. Espera receber uma doação ou encontrar uma maneira de arrecadar fundos para comprar um terreno iniciar uma obra realmente funcional.
Contato
Sociedade Amigos do Itararé
Telefone: 13 3469-2801
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