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Aquário de Santos: o 5 estrelas do mar
Como se entrasse na Enterprise oceânica, começa a minha viagem de exploração de um novo mundo, novas formas de ver a vida marinha. O corredor de vidro me leva às escadas, onde encontro Marco Antonio Francisco, o coordenador, o capitão que me leva a uma galáxia desconhecida.
Por Valquíria Gianatto
Fotos: Valquíria Gianatto
Por entre laboratórios, salas de pesquisa, de tratamentos especiais, preparo de alimentos, me encontro envolta por grandes cilindros que oxigenam o tanque oceânico, suspensa, sobre o lar das arraias. Apreciar o seu vôo me faz lembrar pequenos OVNIs que acompanham os temidos tubarões, no momento calmos, repousando sobre o chão. Cena de ficção. Uma roupa de mergulhador pendurada na lateral da passarela fica à espera do tratador que, ao vesti-la, faz surgir um guerreiro, defensor e protetor dos seres marinhos.

Logo à frente, o setor de reabilitação marinha. Alguns tanques redondos, enfileirados, rodeados de cuidados e com a vigília atenciosa do veterinário. Da era pré-histórica, em um dos tanques, lá está ela, recuperando-se há cinco meses, a tartaruga caretta caretta. Encontrada em Itanhaém, cabeçuda e de casco em forma de coração, é o xodó do veterinário Gustavo Dutra: “Ela pesava 12 quilos quando veio para cá apresentava uma intensa anemia e pneumonia, e não havia muita esperança de sobrevivência. Hoje, pesa 25 quilos e está muito saudável”, comemora.

Ao lado da cabeçuda, mais duas tartarugas verdes que agitam suas nadadeiras, numa dança lenta, como se não houvesse gravidade e estivessem em um palco. Após a reabilitação serão devolvidas ao mar. O tratamento vip dado a esses animais são dispensados a todos os hóspedes que chegam ao Aquário, a maioria répteis e aves marinhas. Quando chegam, passam por um período de ambientação, e só depois de estabilizados é que é feito o diagnóstico, por meio de hemogramas e análises clínicas. Assim, cada ser marinho é cuidado e reabilitado, até ser inserido nos aquários ou devolvido à natureza.

Em seguida, estamos na parte de trás dos aquários que o grande público vê. Mais uma vez, ressurge a Enterprise. Andando em passarelas de ferro suspensas que acompanham todo o percurso dos vários tanques, temos acesso à superfície, por onde os peixes são alimentados. Tartarugas enormes, que quando vistas pelo público do outro lado, parecem voar na água transparente, emergem na esperança de receber alimento quando nos aproximamos...

No tanque principal ou grande piscina está o ser mais apreciado pelo grande público, o querido Macaézinho, um lobo-marinho que já mora no Aquário há 11 anos. Num show de agilidade e rapidez, ele desliza como se fosse um míssel e, num segundo, já está sobre a pedra abocanhando o pequeno peixe que lhe é jogado pelo tratador. Num piscar de olhos, volta para a água, e num segundo, está do outro lado. Salta em direção ao grande bastão que o tratador lhe aponta. Ouve-se então um som de apito. O lobo-marinho tocou com o nariz na pequena bola de borracha que fica na extremidade do bastão. Merece um peixe e mais um, e mais peripécias.

Depois de três quilos e meio de sardinhas, manjubas e filés de merluza, Macaézinho está satisfeito. Depois de tantas piruetas na água, ele descansa sobre a pedra, embriagado pelo prazer da barriga cheia. Para acabar com sua vida solitária, duas lobinhas do Uruguai estão sendo adquiridas. Será também uma tentativa de procriação em cativeiro.

A técnica e monitoramento

Nossa viagem continua. Descendo mais um corredor no labirinto de corredores e portas, chego à sala de segurança do Aquário, onde um funcionário monitora toda a extensão do local. Durante a noite, um vigia dá o alarme caso alguma anormalidade acorra.

Com novas tecnologias, as 300 bombas que oxigenam, removem, limpam e filtram as águas, funcionam simultaneamente dia e noite e são constantemente vistoriadas para que os diferentes habitat não sejam prejudicados. Para os tanques oceânicos, a captação da água salgada é feita no mar e recebida por três caixas d’água que ficam na praia, tendo, só uma delas, a capacidade de 100 mil litros. Por meio de tubulação subterrânea, a água vai para as caixas localizadas no alto do Aquário, onde é feita a análise de salinidade e o PH. Estando adequada, é então utilizada.

Animais que exigem maior refrigeração, como os pingüins e alguns tipos de tubarões que ainda estão sendo adquiridos, contam com a ajuda de novas tecnologias. São equipamentos eletrônicos que mantém uma refrigeração especial e permitem criar um ambiente semelhante ao habitat natural dessas espécies. No caso dos tubarões, a água exige uma temperatura diferenciada, que também é controlada por esses equipamentos. Segundo Francisco, não existia um ambiente próprio para essas espécies. Por isso, o número era restrito.

A rotina

A partir das cinco horas da manhã os animais começam a ser alimentados — a isso se dá o nome de manejo — e cada um em seu período. Os alimentos variam de rações a algas e peixes. De invertebrados a mamíferos marinhos, o Aquário possui cerca de quatro mil animais. Só de filé de merluza, o consumo mensal é de uma tonelada. O trabalho é feito por cinqüenta profissionais, sendo dois biólogos e dois veterinários. As águas também são monitoradas diariamente na parte da manhã. Toda essa dedicação é despendida para que o grande público possa melhor apreciar a beleza do mundo marinho.

Ao final da viagem, a nave volta a se transformar no moderno prédio do Aquário Municipal de Santos, mas a emoção dos seus bastidores só pertence a quem faz a viagem.

Serviços

Horário de funcionamento

De terça a sexta: 9 às 18 horas

Sábados e domingos e feriados: 9 às 20 horas

O ingresso custa 5 reais. Crianças até 12 anos e adultos acima de 60 não pagam. Professores e estudantes pagam meia entrada.

Informações: 3236-9996