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  Saúde  -  Vida Saudável

 
O prazer que mata
Desde fevereiro de 2007, a França proibiu seus cidadãos de fumar em locais públicos. A França, no entanto, é apenas um dos países que decretaram a proibição. O mundo se uniu numa guerra contra o tabaco. Governantes, médicos e principalmente os não-fumantes iniciaram a luta por dias
Por Nathalia Costeira
O hábito de fumar já foi considerado elegante, sexy, charmoso, mas é mortal. Isso mesmo, mortal! O mundo ergueu a sua bandeira contra o tabagismo em 2007, mas desde 2004, a Irlanda já proibia o fumo em locais públicos. Foi seguida pela Noruega, Suécia e Nova Zelândia. Em 2006, foi a vez do Uruguai, de Cuba, da Escócia e do Equador. Em 2007, da Espanha e da França.

Ao mesmo tempo em que o mundo trava uma luta contra o vício, a dona de casa Patricia Souza, de 42 anos, fumante há 24, defende o seu direito de fumar. “Não acho bonito o meu vício e nem quero que minhas filhas o tenham, mas exijo respeito ao meu direito de fumar”. Nem mesmo todos os anúncios sobre os malefícios do cigarro e as constantes tentativas das filhas para que ela pare de fumar funcionam. “Não pretendo parar de fumar e não tenho medo de ficar doente. Se o cigarro é o vilão, explique: como as pessoas que não fumam ficam doentes?”

Já Roseli Hilário, de 47 anos, tem orgulho de dizer que nunca colocou um cigarro na boca. Ela considera um desrespeito ser obrigada a inalar a fumaça dos outros. “Você não imagina como é desagradável, para não dizer nojento, sentir o cheiro do cigarro”. Como profissional de beleza, ela ressalta que, além de enfraquecer as unhas e os cabelos, o hábito de fumar também deixa a pele ressecada e um terrível mau hálito: “O pior de tudo é a pessoa ficar doente”.

Cleide Pacheco, de 59 anos, sabe bem o que é ter um familiar doente por causa do cigarro. Aos 72 anos, o marido descobriu um câncer no pulmão. Todos os dias ele se submete a sessões de quimioterapia, e ela precisa acompanhá-lo. “Ele fumava três maços por dia, nunca imaginou que ficaria doente”. Cleide diz nunca ter fumado, mas abomina ainda mais o hábito por causa da doença do marido. “Eu tenho de pagar por algo que não fiz. Eu nunca fumei, mas é como se estivesse doente, como se sentisse as dores”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde OMS, o tabagismo é responsável por 5 milhões de mortes por ano no planeta. No Brasil, o tabaco faz, anualmente, 200 mil vítimas. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, 30% dos cânceres estão ligados ao consumo de cigarro. O fumo ainda é responsável, segundo a Associação Médica Brasileira, por 25% das doenças coronarianas como infartos e anginas e 25% dos derrames cerebrais, além de ser a principal causa dos distúrbios de má circulação e impotência.

Controle

Também em prol dessa luta, o Ministério da Saúde lançou, em parceria com o Instituto Nacional de Câncer, o Programa Nacional de Controle do Tabagismo e outros Fatores de Risco. O programa tem por objetivo livrar os ambientes de trabalho do cigarro, habilitar os profissionais da saúde para ajudar seus pacientes a pararem de fumar e organizar a rede de saúde para atender aos pacientes que querem largar o vício.

Entre os principais motivos dos fumantes para não largar o hábito está o medo de engordar. A nutricionista Márcia Castanheira explica que parar de fumar engorda, principalmente porque a nicotina acelera o metabolismo e aumenta o gasto energético. Quando a pessoa pára de fumar, esse efeito cessa e o gasto energético diminui: “Como as pessoas mantêm os mesmos hábitos alimentares, elas acabam ganhando peso”. Márcia explica que esse ganho de peso ocorre, principalmente, nos seis primeiros meses e é maior nas mulheres. A nutricionista alerta ainda que o tabagismo não deve ser utilizado nunca como forma de perda de peso.

No Brasil são muitas as leis que restringem o uso do cigarro. As mais conhecidas são as que proíbem a venda de cigarros e produtos de fumo a menores de 18 anos. Há também as que regulamentam a propaganda e estabelecem normas de embalagem e vinculação pela mídia, além da proibição do fumo em todas as instituições de assistência à saúde, repartições públicas, salas de aula, bibliotecas e recintos de trabalho, salas de teatro e de cinemas.

Algumas razões para parar de fumar

- Segundo estimativas, cada cigarro diminui a sua vida em 14 minutos.

- A nicotina provoca dependência. O monóxido de carbono afeta a vitalidade dos tecidos e diminui o calibre dos vasos sangüíneos e outras substâncias comprometem os pulmões.

- As pessoas que fumam apresentam os mesmos sintomas de dependentes que consomem cocaína.

- Quem fuma diariamente tem o dobro do risco de sofrer de depressão.

- Há riscos graves associados ao fumo na gravidez, pois menos nutrientes e oxigênio chegam ao bebê. Isso pode prejudicar o crescimento do feto.

- Fumar causa impotência sexual.

- Em 20 anos, o Brasil viverá o equivalente a uma epidemia de infartos, câncer do pulmão, enfisema, bronquite, derrame cerebral, arteriosclerose e infecções respiratórias.

Matéria produzida em 2007