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  Saúde  -  Vida Saudável

 
Medicina alternativa
Há médicos que não acreditam que semelhante cura semelhante. Mas pode uma ciência com mais de 2500 anos não resultar em nada?
Por Colaborador
Helena Marxcinni Souto, 46 anos, duas cirurgias no joelho e a perda prematura do marido. Além de dores constantes do pós-operatório, Helena entrou em um forte processo depressivo, onde ambos os problemas foram tratados com drogas.

"Meu marido e eu vínhamos pela Rodovia Castelo Branco. Um caminhão freou bruscamente, e, ao tentar desviar dele, nos chocamos contra outro carro, que vinha na mão oposta. Meu marido morreu no local e eu fraturei a perna em dois lugares, além de ter ‘estraçalhado’ meu joelho". Tal trauma induziu em Helena um estado depressivo. "Não dava valor para nada. Gastava como se não houvesse amanhã, e, ainda assim, não me sentia bem comigo mesma."

Após três anos sem resultados em seus tratamentos, que parecem tê-la prejudicado ainda mais e isolada da família e amigos, Helena foi apresentada a um novo método de tratamento, no qual a drogadição busca tratar o complexo do paciente, e não um órgão ou um problema. Foi na homeopatia que ela e muitos outros brasileiros encontraram a solução para diversos problemas fisios e psicológicos.

Há cerca de um ano e meio, por intermédio de seus familiares, Helena conheceu a doutora Juliana Nxiong, médica homeopata há seis anos. "O caso da Helena é, dadas às devidas proporções, muito comum. O transtorno que ela vinha sofrendo era produto-trauma de seu acidente, uma sensação perpétua de impotência. Neste caso eu receitei glóbulos glicosados. Para o joelho, receitei uma combinação floral analgésica diluída."

Mas aí surgem as perguntas dos leigos e incrédulos: Como "soluções aromáticas" e "balinhas de açúcar" podem trazer o mesmo benefício que a medicina tradicional oferece? Sem titubear, Juliana respondeu: "Semelhante cura semelhante. Esta é a premissa da Homeopatia, iniciada há mais de 2.500 anos com os estudos do grego Hipócrates. Grande parte da arte médica consiste na capacidade de observação do médico. A observação deve ser feita sem nenhum tipo de preconceito ou julgamento, estando seu praticante aberto aos relatos explícitos e implícitos do paciente. Estudar o doente, e não a doença".

Histórico

Existem poucas dúvidas sobre o sucesso dos tratamentos homeopáticos. O maior complexo encontrado pelos cientistas está na preparação e no tratamento desenvolvido pelo homeopata. Para explicar tais aspectos dessa "arte", é necessário remontar aos primórdios da medicina oriental.

Hipócrates, conhecido como Pai da Medicina, foi o primeiro a estudar um padrão que se assemelhou ao tratamento que conhecemos hoje. Ele desenvolveu, há dois milênios e meio atrás, maneiras principais de se abordar a terapêutica: "Similia similibus curantur - Semelhantes são curados por semelhantes”, base terapêutica da homeopatia.

Exemplificando, um medicamento capaz de provocar, em uma pessoa sadia, angústia existencial ou outro tipo de moléstia, curará uma pessoa cuja doença natural apresente essas características.

O que soa como insanidade para uns parece ser um livro aberto para a doutora Juliana. "Um dos meus pacientes tinha grandes dores vindas de problemas de cálculos renais. Assim que conseguimos uma destas ‘pedrinhas’, sintetizamos glóbulos para ele, que continham este cálculo, devidamente processado por um laboratório."

Este conhecimento ficou inerte e adormecido por mais de 2.300 anos e foi retomado em 1796, quando o médico alemão Samuel Hahnemann anunciou um método revolucionário de tratamento. "A homeopatia tem uma visão integrada do ser humano, vendo-o como um todo, onde corpo e psique são indissociáveis. Neste aspecto aproxima-se das medicinas clássicas orientais. E, como dito acima, aproxima-se também do que viria a se constituir, no século XX, no pensamento sistêmico". Em uma época onde as praticas médicas mais avançadas eram sangrias, eméticos e purgantes, Hahnemann postulou o que conhecemos hoje como Homeopatia.

Foi quando trabalhava na tradução da Matéria Médica de Cullen, em 1790, que um fato descrito por aquele autor chamou sua atenção. A Cinchona officinalis quinina ou simplesmente quina era usada na Europa para o tratamento do paludismo. Segundo explicações do autor do livro, a Cinchona atuaria fortalecendo o estômago e produzindo uma substância contrária à febre.

Hahnemann decide provar, nele mesmo, o medicamento. Observou em si o aparecimento de sintomas semelhantes ao das crises febris da malária ao ingerir a quina e seu desaparecimento ao cessar o uso. Repetiu várias vezes o experimento. Inspirado pela obra de von Haller, que priorizava o estudo do medicamento na pessoa saudável, antes de ser ministrada ao doente, incluiu seus parentes nas experiências.

Após seis anos de muitas pesquisas, Hahnemann dá à luz um "Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as virtudes curativas das substâncias medicamentosas, seguido de alguns comentários a respeito dos princípios aceitos na época atual."

É assim que o ano de 1796 entra para a história da medicina como o ano de sistematização dos conhecimentos homeopáticos.

Depois de Hahnemann, a homeopatia expandiu-se por boa parte do mundo. Mas a expansão não foi linear, tendo seu desenvolvimento e sua aceitação atingidos diferentes níveis nas várias regiões do mundo. Por exemplo, na Índia e no Brasil a homeopatia faz parte das políticas oficiais de saúde. Já na Argentina está banida dessas políticas, chegando a ser praticamente proibida em algumas províncias.

Hoje, trabalhando em uma firma de Propaganda e Marketing em São Paulo, Helena não tem vergonha de dizer que o poder curativo da Homeopatia a transformou numa nova mulher. "Não importa o que digam, foi esse tratamento que me colocou de volta nos eixos".