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  Saúde  -  Vida Saudável

 
Equilíbrio e harmonia
Pela concepção chinesa, a doença é uma manifestação de desequilíbrio, e a acupuntura é uma forma de readquirir a harmonia perdida
Por Colaborador
“Na primeira vez que fiz, tive a sensação de que formigas estivessem me beliscando”, diz a contadora Uilma Batista dos Santos, de 47 anos. Ela começou a fazer acupuntura por orientação médica: "Eu tinha muitas dores nas costas e nada que eu fazia aliviava. O meu ortopedista me pediu para procurar um fisioterapeuta que trabalhasse com acupuntura, para testar se com um método alternativo eu melhorava. Eu não acreditava muito e me surpreendi quando as dores aliviaram. Continuo fazendo o tratamento duas vezes por semana".

Dentro da concepção chinesa, a doença é uma manifestação de desequilíbrio, e a acupuntura é uma forma de readquirir a harmonia perdida. O mecanismo de ação da acupuntura ainda não foi completamente elucidado. Sabe-se que o estímulo dos pontos leva à produção de substâncias que teriam ação sobre receptores do sistema nervoso neurotransmissores e neuromediadores e que o resultado final seria a normalização das funções alteradas. A acupuntura teria também ação antiinflamatória por estimular a produção de corticóides pela glândula supra-renal. O tratamento é considerado mais do que um analgésico, pois combate a dor por meio da resolução do processo inflamatório que a causa.

Há similaridades entre os efeitos da acupuntura e os causados pela serotonina, que é um neuromediador produzido pelo nosso cérebro. A serotonina está intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos, e as maiorias dos medicamentos chamados antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância torna-a mais disponível no espaço entre um neurônio e outro. Para se ter uma noção da influência bioquímica sobre o estado afetivo das pessoas, basta lembrar os efeitos da cocaína, por exemplo. Trata-se de um produto químico atuando sobre o cérebro e capaz de produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional através de uma alteração química.

"Muitas pessoas chegam aqui com várias dúvidas e receios quando menciono que vou utilizar a acupuntura como método auxiliar no tratamento, às vezes, por falta de informação. Sento e explico que as agulhas de acupuntura são feitas de aço e metais nobres, são muito finas, quase como um fio de cabelo, e faço o paciente escolher entre o uso de agulhas descartáveis ou individuais, o risco de contaminação praticamente desaparece. Outro dado importante é que a agulha utilizada é do tipo fechada, o que impossibilita o acúmulo de qualquer substância no seu interior. São introduzidas na pele através de técnicas especiais, o que torna a picada quase indolor", explica o especialista Argentino Pereira de Souza.

A estudante de Educação Física Annelize Gallon Solimões, de 22 anos, diz ter experimentado uma sensação de leveza e que nunca antes tinha se sentido tão relaxada: "Comecei a fazer acupuntura por causa da insônia. Não conseguia dormir direito e não queria ficar à base de remédios. Foi quando uma tia sugeriu que eu fizesse acupuntura. Hoje, consigo dormir normalmente, mais não deixei de fazer, faço uma vez por semana. Se eu pudesse faria acupuntura todos os dias, mais sei que é um tratamento e não posso fazer por hobby".

Outra técnica e adaptação

A webdesigner Letícia da Silva Bento, de 24 anos, prefere utilizar as moxas. Adepta da vida saudável desde pequena, ela explica como funciona o tratamento que faz em São Paulo: "As moxas são massas feitas de folhas secas e maceradas de Artemísia, planta com a qual o acupunturista faz uma pequena pirâmide que é aplicada no ponto e depois é acesa. Ela queima progressivamente e provoca uma sensação agradável de calor. É retirada assim que começa a incomodar".

Nem todo mundo gosta de utilizar a acupuntura e se adapta ao tratamento. Esse é o caso da esteticista Eliane Amorim Nunes, de 45 anos. "Sou adepta de uma vida saudável, sempre procurei usar tratamentos naturais. Em um congresso fui convidada a ser a ‘cobaia’ de um famoso especialista em São Paulo. Fui feliz, pois ele era o melhor acupunturista. Não sei explicar o que aconteceu exatamente comigo, mais o meu corpo ficou paralisado, não conseguia me mover, tive dores de cabeça horríveis. As pessoas dizem que relaxa, mas eu fiquei muito tensa. Brinco dizendo que todos os efeitos colaterais que uma pessoa pode sentir, eu senti naquele dia”.

Matéria produzida em 2006