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Aromas, cores, música, cores, cristais: o mundo zen.
A vida saudável deixou de ser apenas um mito para virar realidade do homem moderno. Existem formas simples e práticas de se viver melhor e prevenir uma série de doenças. Prepare-se você também para esta mudança
Por Priscila Dell Bell
Resolvi aliviar a minha cabeça de todo o estresse do dia-a-dia e ter pelo menos uma hora zen. Minha primeira tarefa do dia foi dar uma volta pelo bairro da Ponta da Praia, em Santos, onde encontrei o cenário perfeito.

Uma casinha... Não! Um chalé de antigos pescadores que se transformou numa casa zen. Ela é discreta perto dos grandes prédios a sua volta — é branca, toda de madeira e tem portão e janelas laranja. Para entrar ali não existe campainha ou interfone, apenas o bater de mãos e a voz anunciam a chegada do visitante.

Uma pequena escada leva até a porta. Durante todo o percurso existem flores e cristais. Sua construção lembra, e muito, passarelas de jardim japonês que vemos em postais ou em filmes de gueixas e samurais.

Ao entrar na casa, a música tranqüila e o aroma suave de incenso dão o clima. Logo na porta de entrada, uma imagem de Jesus, discreta, dá as boas-vindas. Na sala de espera, um simpático quadro do Buda da compaixão e a imagem de Ganesha deus hindu do sucesso me saúdam.

Quem me recebe é a dona da casa, Elizabeth Kinoshita, de 43 anos. Todos a chamam de Beth. Mãe de quatro filhos, ela conta que o seu interesse pelo estudo de religiões e de vida saudável começou cedo — em sua casa, já que o pai era budista.

Elizabeth cursou dois anos de biologia, mas preferiu não prosseguir na área e por isso montou uma loja de produtos naturais. Mesmo assim sentiu a necessidade de um lugar onde as pessoas pudessem ter um ambiente tranqüilo para meditar, estudar e tratar da saúde. E então teve a idéia de montar uma casa zen.

Neste momento pergunto qual é o verdadeiro significado da palavra zen: “Na verdade, ninguém sabe ao certo como surgiu o uso, mas acredita-se que seja derivado de uma das categorias do budismo: o zen budismo japonês. Mas também pode ser entendida como uma espécie de mantra”, explica Elizabeth.

A partir deste conceito fica mais simples de entender o tipo de serviços que existem dentro da casa e em tantos outros locais espalhados no Brasil e no mundo. Enquanto a medicina convencional trata a dor localizada com medicamentos alopáticos, a holística trabalha com o oposto, procura equilibrar mente, corpo e espírito como um todo e não apenas em um órgão.

Para isso existem diversos recursos: massagens, florais — que podem ser os de Bach, californianos, de Saint Germain — acupuntura e reiki, entre outros. Todos esses procedimentos cuidam para que exista o equilíbrio como denominado entre os taoistas como yin-yang. Mente e corpo em harmonia.

A acupuntura trabalha em pontos chamados meridianos, onde corre a chamada energia vital, “o chi”. Existem várias derivações da acupuntura, uma delas é a auriculupuntura, que usa o mesmo princípio, só que os pontos estão localizados na orelha.

O reiki é uma prática muito similar aos passes curativos, muito conhecidos dos espíritas kardecistas. No reiki, as mãos fazem símbolos para que os canais de energia sejam abertos a fim de receber toda a energia e alinhar os chakras.

Cada ser humano possui mais de 88 mil chakras, sendo sete os conhecidos e representados por cores verde, azul, violeta, azul escuro, laranja e vermelho. Cada um deles capta a energia e regulam nosso metabolismo energético, mantendo o equilíbrio físico.

Depois de aprender mais sobre as terapias holísticas paramos um pouco e vamos até o escritório de Elizabeth, cheio de livros. Ela abre um deles e me mostra: “Olha só! Esta é uma foto de que eu gosto muito. Eu com a monja Coen primeira representante feminina do zen budismo no Brasil. Tiramos esta foto em São Paulo”, conta satisfeita.

Logo depois, ela me mostra um livro do Dalai Lama representante máximo do budismo, intitulado Ética Para O Novo Milênio. “Você precisa ler este! É muito interessante! O meu preferido!”, diz.

De volta ao nosso papo sobre meditação, Elizabeth me conta que pelo menos quatro vezes ao ano recebe alguns monges budistas vindos da França. Neste momento escutamos um barulho no portão. É Cristiane Barbieri, dentista, de 41 anos. Ela conta que é a primeira vez que visita a casa. “Minha irmã mora aqui perto e vem sempre. Hoje vim para experimentar a massagem. Tinha este hábito constantemente, mas por falta de tempo e pela minha filha que é pequena acabei deixando para depois. Além disso, minha profissão exige que eu fique sentada boa parte do tempo e muitas vezes sinto dores nas costas”, conta a dentista.

Ela disse também que além de ser um momento de relaxamento e de prevenir dores é vital que a pessoa tenha pelo menos uma parte do dia voltada para si própria. “Se não cuidarmos da nossa saúde e bem-estar, ninguém fará isso por nós”, diz Cristiane.

Chegou a hora de me retirar. Despeço-me de Elizabeth e da dentista. Já em casa, de volta à rotina, prossegui a pesquisa e descobri outros casos de pessoas que também aderiram ao estilo de vida zen.

Auto-conhecimento

É o caso da funcionaria pública Rita de Cássia, de 45 anos, que também começou a adotar outro estilo de vida: “Já fiz vários cursos de cristais, pratico meditação e fiz até um curso de reiki que é muito parecido com os passes que damos e recebemos lá no centro espírita”. Ela conta que já fez cursos em São Paulo e Santos e que o auto-conhecimento ajudou-a a manter uma vida mais calma, centrada e lhe proporcionou mais vigor físico. “Adoro malhar em academia, fazer musculação, spinning, mas intercalo sempre com uma sessão de ioga, que é vital para contrabalançar e prevenir doenças”, explica.

O major Sidney Fernandes, de 36 anos, assim como Rita de Cássia, é adepto da prática de ioga. Medita todos os dias, além de ter alimentação natural à base de muita água, frutas, verduras, legumes e cereais. Há dez anos integra a filosofia da self realization filosofia hindu criada por Paramahansa Yogananda e participou de dois congressos da self em Los Angeles EUA. “Sempre gostei de estudar as religiões do oriente, elas são fascinantes e, com isso, vamos aprendendo uma série de coisas e aplicando no dia-a-dia. O mundo precisa ouvir mais o que esses sábios têm a dizer”, diz Fernandes.

Ao começar esta reportagem disse que começaria um dia zen, mostrando um cenário zen e formas de levar uma vida zen. A frase do grande mestre, Buda, exprime esse sentimento: “A verdade está dentro de nós. Não surge das coisas externas, mesmo que assim acreditemos. Há um centro interno onde a verdade habita em sua plenitude".